OS DOIS AMIGOS...
Certa vez, num pasto na invernada,
Dois cavalos viviam seus últimos
Dias de préstimos de trabalho
Ao homem, seus donos, e assim
Eles faziam todo dia, além, pois,
De pastarem o capim suculento,
Um ao outro assim diziam;
- Amigo, e não é que, nós, os cavalos,
Já chegamos a valer em torno
De meio kilo de ouro no mercado?
É, porque éramos contratados
A todo tipo de trabalho, por exemplo.
Eu, eu, aqui, fui recrutado para ser usado
Por soldados nas guerras, e o soldado,
Ele morria em combate, mas eu, eu não,
Porque o meu preço era alto, no tocante
À meio kilo de ouro...
E, o outro, contrapunha, assim;
- Pois é né, concordo contigo, amigo,
E te digo de que, eu tive a honra de servir
Ao rei e a rainha e os seus filhos, ou seja,
Tive uma juventude invejável...
E, no final do bate-papo, eis que se disseram;
- Pois, é, e, olha, agora, nós aqui,
Comendo da mesma grama, já que somente
Comíamos alfafa e bebíamos água limpa,
E, vejamos, eu estou já velho e cansado
Por causa de enfrentar tantas guerras,
Já, você aí, ainda preserva o corpo e mente
De um adolescente, pois teve vida fácil...
E, pois, não seria mera semelhança
Com o viver do homem, o dono dos cavalos?
Uns têm vida digna de rei e rainha, outros,
De súditos deles, e não se come do mesmo
Pasto ou comida que se serve na mesa...