OS DOIS AMIGOS...

Certa vez, num pasto na invernada,

Dois cavalos viviam seus últimos

Dias de préstimos de trabalho

Ao homem, seus donos, e assim

Eles faziam todo dia, além, pois,

De pastarem o capim suculento,

Um ao outro assim diziam;

- Amigo, e não é que, nós, os cavalos,

Já chegamos a valer em torno

De meio kilo de ouro no mercado?

É, porque éramos contratados

A todo tipo de trabalho, por exemplo.

Eu, eu, aqui, fui recrutado para ser usado

Por soldados nas guerras, e o soldado,

Ele morria em combate, mas eu, eu não,

Porque o meu preço era alto, no tocante

À meio kilo de ouro...

E, o outro, contrapunha, assim;

- Pois é né, concordo contigo, amigo,

E te digo de que, eu tive a honra de servir

Ao rei e a rainha e os seus filhos, ou seja,

Tive uma juventude invejável...

E, no final do bate-papo, eis que se disseram;

- Pois, é, e, olha, agora, nós aqui,

Comendo da mesma grama, já que somente

Comíamos alfafa e bebíamos água limpa,

E, vejamos, eu estou já velho e cansado

Por causa de enfrentar tantas guerras,

Já, você aí, ainda preserva o corpo e mente

De um adolescente, pois teve vida fácil...

E, pois, não seria mera semelhança

Com o viver do homem, o dono dos cavalos?

Uns têm vida digna de rei e rainha, outros,

De súditos deles, e não se come do mesmo

Pasto ou comida que se serve na mesa...

Josea de Paula
Enviado por Josea de Paula em 02/08/2023
Código do texto: T7851739
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