Fechada para balanço
Queridos colegas,
Na próxima semana, de papo pro ar, vou me perder e me achar na beleza dos Mares do Sul ( *da Bahia), no silêncio e nos mergulhos (glub-glub) de Abrolhos e no ritmo autêntico das casas de forró em Porto Seguro. Na bagagem, além do protetor solar, levo alguns livros que guardei para a ocasião – a enésima releitura de “Cem Anos de Solidão”, “O carrasco do amor”, “Meu nome é vermelho” e “Inês da minha alma” ...
A descoberta do RL foi uma das boas coisas deste ano. Conheci pessoas e aprendi, muito além da prosa e poesia. Aprendi sobre as particularidades do relacionamento virtual e que sincronia e afinidade têm mão-dupla : nos aproximamos daqueles que parecem conosco. Nos textos das escrivaninhas e nos e-mails trocados, fui descobrindo vidas reais com “histórias mais lindas que as de Robson Crusoé”, como escreveu meu conterrâneo Carlos Drummond Andrade.
Agradeço a todos com quem cruzei o caminho: aos que ofereceram a leitura de seus textos ou comentários aos meus; à futura parceira; ao poeta que me fez sentir musa-por-um-dia; às descobertas de “ligações cósmicas” ( risos); e à vigilante antagonista, que, em sua rede de intrigas, acabou, sem querer, atraindo mais leitores para a minha escrivaninha.
A perda de uma grande amiga ontem, em circunstâncias trágicas, foi o ápice de um ano pelas tabelas. Como diz o ditado chinês, a má sorte sempre vem aos pares : no último domingo meu marido teve o carro abalroado, com perda total, num acidente. No dia seguinte, foi a minha vez de bater o carro... Pelo lado bom, em ambos os acidentes, saímos ilesos e finalmente, me livrei do meu carro. Há três anos meu lado B burro comprou um veículo, atraída pelo apelo da mídia. Na propaganda de lançamento, o belo auto vencia serras e rios, enquanto a voz grave do Pedro Bial declamava a poesia “Estatuto dos homens” do Thiago de Mello. A paixão à primeira vista não evoluiu para o amor : depois de aguardar três meses na fila para receber o carro comprado, logo percebi que sem tração nas 4 rodas e com um aviso no pára-sol do motorista “ veículo sujeito a capotagem por movimentos abruptos” (!), ele não atenderia minhas expectativas... Demorei a tomar uma atitude para não dar o braço a torcer e ouvir meu marido dizer “Eu bem que avisei”...
O simbolismo do reinício na virada do ano é promessa de repaginação pessoal : a gente se promete ser melhor, praticar o amor incondicional, ser mais tolerante... De tanto repetir, a promessa funciona : assim, no passado parei de fumar; abandonei um emprego de ótima remuneração, que me afastava da minha família; parei de disputar o amor do meu marido com a nossa boxer, a Luna – ser a filial na vida dele está bom demais, considerando que a matriz é uma cadela, no sentido literal... Que venha logo 2008, com as esperançosas promessas de Ano Novo.
Declaro-me, pois, fechada para balanço ( numa rede, de frente para o mar...). Prometo pensar em vocês.
Com muito carinho, desejo a todos um harmonioso e fraterno Natal, embrulhado pelo espírito do amor universal. Que, com saúde e paz de espírito, possamos segurar a onda e velejar a nossa felicidade em 2008. Até lá.