Uivando para a Lua
A angústia tomando conta, cobrindo todo o espaço físico ao meu redor com sua longa manta, desejando acariciar e sufocar, sem uma referência da dose do que pode ser equilíbrio ou sadismo.
Preciso entender de uma vez por todas, pois já se foi. O passado por mais triste ou letárgico que tenha sido, já foi. Exatamente como o tempo verbal da palavra.
Mas ele ronda, como um demônio esperando pela falha do crente, como uma armadilha. Ele está ciente disso? Será que lembra ou só cabe a mim mesma essa ardência?
Eu deixei uma ferida, mas também cativei uma. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Cativei a sua ferida, ainda posso curá-la?
O relógio, com sua lancinante música, avisa: tarde de mais, tarde... Você já tomou seu rumo, o rio precisa seguir, pedras no caminho servem para ser contornadas, não para paralisar a corrente. E, como um lobo uivando para a Lua, eu escrevo enquanto a angústia me devora. O passado precisa reconhecer o seu lugar