O "SENTIDO" DO NATAL
Conforme os "tempos" passam, também dentro de nós ocorre uma revolução dos sentidos.
Tanto "os sentidos", como nossa "forma de sentir", de olhar e de enxergar vão se transformando ao longo do tempo.
Ampliamos a ótica e a interpretação dos fatos, e tal ocorrência também gera conflitos e algum grau de sofrimento.
A lucidez nos cobra altos preços...
E o que tenho observado, com certeza é TÃO SOMENTE o lugar comum das observações dos que já acordaram para a vida.
Hoje, "ensaiar" o NATAL , esta comemoração tão linda de caráter antropológico ,teológico e cultural, ultrapassa até as fronteiras do globo, tornando-se um calendário amplamente conhecido e respeitado, até mesmo para quem não é cristão, posto que o caráter humanitário que encerra, objetivando a dispersão do ideal de paz e amor pelo mundo, deveria nortear todos os povos.
Mas, introduzi em demasia para chegar aonde pretendo: A contaminação materialista que a festa assumiu.
Hoje quando se pensa em Natal, logo se associa a festa aos desejos de consumo...e à gula, tida como um dos pecados capitais.
Aqueles tão lindos cartões de Natal que recebíamos de amigos e familiares, aos poucos foram substituídos pelos cartões de interesse comercial: De lojas, supermercados, cartões de créditos, bancos, operadoras disso e daquilo...
Cartões totalmente despersonalizados, postados mecanicamente por "malas diretas", frios...sem emoção.
Papai Noel, uma figura modernizada, já responde cartas por emails, e promete um PC de última geração...
E hoje, só a título de ilustração desse tema que queria aqui ensaiar, vi uma reportagem televisiva do MOSTEIRO DE SÃO BENTO, aqui de São Paulo, que me fez pensar e ratificar o que aqui defendo.
O mosteiro, um lindíssimo Santuário Católico que vale muito conhecer, pois é um belo recanto de Paz, resolveu nessa época abrir suas portas um domingo por mês, se entendi bem, para que as pessoas possam saborear os quitutes oferecidos pelos buffet dos monges e se "aproximarem mais da igreja", segundo resposta do organizador ao repórter que o entrevistava.
Os quitutes, pelo que pude notar não perdem em nada para um restaurante cinco estrelas. E igualmente àqueles,muito bem cobrado...quase cem reais por pessoa.
E alguém ainda comentou: "Se meu médico me visse aqui...me mataria".A idéia, além de trazer as pessoas "para a igreja", é , através da tal arrecadação reverter o benefício para uma ONG tudo em prol do terceiro setor, que virou moda de alta rentabilidade.
Quem pensa já concluiu: Uma família paulistana em média com quatro pessoas, deixaria alí quase quatrocentos reais numa manhã de confraternização religiosa em tempos de NATAL, ou seja , mais que um salário mínimo para se aproximar da igreja, ajudar os irmãos, sob as delícias da gula.
Mas...e quem não tem esse poder aquisitivo todo, não se aproximará da igreja para poder ajudar quem é mais necessitado?
Ou a igreja também se "elitizou" na caridade?
Pergunto como católica que sou, e SE ESTIVESSEMOS NA IDADE MÉDIA eu estaria correndo perigo.
Aqui fica uma reflexão de Natal: Cristo, que veio ao mundo humildemente numa manjedoura, ao repicar dos sinos de Belém, para o seio duma família simples, e que no decorrer da vida "multiplicou os peixes", e SIMBOLICAMENTE celebrou à mesa com PÃO E VINHO, -"EU VOS DEIXO A PAZ EU VOS DOU A MINHA PAZ" -talvez não nos seja o melhor símbolo da Cristandade apregoada no Natal dos nossos tempos.
Hoje também vivemos a "indústria" do NATAL ...mercantilizado por todos os seguimentos da sociedade.
É muito triste a sensação que por ora descrevo, mas talvez eu ainda possa estar enganada, quem sabe.
Que nessa época de "sinos"... saibamos repicar, ainda que apenas dentro de cada um de nós, o VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL, ou seja, nortear e saciar "o caminho" com o legítimo PÃO DA VIDA: OS ENSINAMENTOS deixados por AQUELE que é um dos maiores mestres que a humanidade já conheceu.
Nesse único "sentido", é o que desejo a todos: que tenhamos sempre...a cada dia...UM FELIZ NATAL!