A VIDA É ASSIM
Samambaia no muro
Vida que brota num pequeno furo
Que o insistente pardal cloacacertou
Vida que nasce do quase nada
Do milagre de Deus impregnada
Samambaia no muro chorou
Chora samambaia no muro e viça
Rústico enfeite inesperado
Cresce enquanto o muro está molhado
Cada minuto de vida é uma conquista
Eu chorarei então, quando fores embora
Não mereces vaso, nem imploras
Tampouco eu te darei arrego
Embora foste, na chuva, um aconchego
Assim como tu, sou eu, querida
Uma nuvem que passa, um momento
Embora de muitas almas seja alento
Serei samambaia esquecida