Dor
Se tanto expia quem tanto amou, quanto não expiarei em minha hora derradeira eu que pouco ou quase nada dei de amor?
Se quanto mais expiará quem somente ódio disseminou?
Quão espinhosa pode ser a transição entrevidas de quem experimenta a travessia?
Não sendo tangível à matéria o plano sublime, é o corpo a padecer as misérias e infelicidades necessárias ao burilamento da alma. Não sofrendo na existência as infindáveis dores físicas, será no espírito que tais angústias acometerão a alma penitente, após a passagem.
Eis que não há meio de purificar-se sem algo de dor, é a dor que nos eleva à condição de humildade requisitada à elevação moral. Sem a dor não se encontra o paraíso.