Capitalismo e Neoliberalismo
Ao refletirmos sobre capitalismo e neoliberalismo, podemos considerar as palavras
de BENTO (2022, p.116) “Um Estado neoliberal se coloca como mínimo para o social
e máximo para o capital”. Sendo, desse modo, impossível um Estado de bem-estar social
com eficácia econômica e social. Corroborando com a reflexão da autora, os vídeos
apresentados a seguir tratam sobre a forma como se organizam o capitalismo e o
neoliberalismo na sociedade e sua influência na vida do cidadão.
O capitalismo é um sistema em que predomina a propriedade privada e a
busca constante pelo lucro e pela acumulação de capital, que se manifesta
na forma de bens e dinheiro. Apesar de ser considerado um sistema econômico,
o capitalismo estende-se aos campos políticos, sociais, culturais, éticos e muitos outros,
compondo quase que a totalidade do espaço geográfico. A base para formação, consolidação
e continuidade do sistema capitalista é a divisão da sociedade em classes.
De um lado, encontram-se aqueles que são os proprietários dos meios de produção, a burguesia;
de outro, encontram-se aqueles que vivem de sua força de trabalho, através do recebimento de
salários: os proletários. No caso do meio agrário, essa relação também se faz presente, pois os
donos das terras, geralmente latifundiários, ganham lucros sobre os trabalhos dos camponeses.
Com a era da Globalização, o sistema capitalista tornou-se predominante em praticamente
todo o mundo. Porém, as suas fases e etapas de desenvolvimento não ocorrem de forma igualitária
na totalidade do espaço mundial, isso porque a sua lógica de produção e reprodução é puramente desigual.
Assim, algumas nações apresentam estágios mais avançados de capitalismo e outras apresentam os seus
aspectos ainda iniciais. Para conhecer essas fases e aspectos, torna-se importante conhecer o surgimento
e a história do capitalismo. Surgimento e desenvolvimento do sistema capitalista: O processo de surgimento
do capitalismo foi lento e gradual, iniciando-se na chamada Baixa Idade Média (do século XIII ao XV), com a
formação de pequenas cidades comerciais, denominadas burgos. Essas cidades desafiavam a ordem então
vigente na época, a do feudalismo, em que a Europa era repartida em vários feudos, cada um comandado
exclusivamente pelo seu Senhor Feudal. A usura era condenada pela Igreja Católica, a instituição mais
poderosa na Idade Média, o que dificultava, ainda mais, o nascimento do novo sistema que se encontrava
em emergência. Com o passar do tempo, o poder da classe que comercializava nos burgos, a burguesia, foi
se expandido e o acúmulo de capital difundiu-se. Tal fator, associado ao crescimento dessas cidades e ao
consequente processo de relativa urbanização da Europa, além de fatores históricos (como as Cruzadas),
provocou uma gradativa derrocada do sistema feudal e o surgimento do capitalismo.
O principal evento que marcou a formação desse novo modelo econômico de sociedade
foi a realização das Grandes Navegações no final do século XV e início do século XVI.
Com a sua formação, o novo sistema passou por três principais fases de desenvolvimento,
a saber: o capitalismo comercial, o industrial e o financeiro.
O Neoliberalismo é uma doutrina socioeconômica que retoma os antigos ideais do liberalismo clássico
ao preconizar a mínima intervenção do Estado na economia, através de sua retirada do mercado, que, em
tese, autorregular-se-ia e regularia também a ordem econômica. Sua implantação pelos governos de vários
países iniciou-se na década de 1970, como principal resposta à Crise do Petróleo.
Os neoliberais combatem, principalmente, a política do Estado de Bem-estar social, um dos
preceitos básicos da social democracia e um dos instrumentos utilizados pelo Keynesianismo
para combater a crise econômica iniciada em 1929. Nessa política, apregoava-se a máxima
intervenção do Estado na economia, fortalecendo as leis trabalhistas a fim de aumentar a
potencialidade do mercado consumidor, o que contribuía para o escoamento das produções fabris.
A crítica direcionada pelo neoliberalismo a esse sistema é a de que o “Estado forte”
é oneroso e limita as ações comerciais, prejudicando aquilo que chamam de “liberdade econômica”.
Além disso, a elevação dos salários e o consequente fortalecimento das organizações sindicais são
vistos como ameaças à economia, pois podem aumentar os custos com mão de obra e elevar os índices
de inflação. Dessa forma, os neoliberais defendem a máxima desregulamentação da força de trabalho,
com a diminuição da renda e a flexibilização do processo produtivo. Outra premissa básica do neoliberalismo
é o desaparecimento do Estado, ou seja, as privatizações. Nesse contexto, defende-se que o Estado é um
péssimo gestor e que somente atrapalha o bom andamento das leis do mercado, que seria gerido pela
“mão invisível”, anteriormente defendida pelo liberalismo clássico, e que funcionaria pela lei da oferta e
da procura, bem como pela livre concorrência. Nesse sentido, a função do Estado é apenas garantir
a infraestrutura básica para o bom funcionamento e escoamento da produção de mercadorias,
bem como a intervenção na economia em tempos de eventuais crises.