Sinto me tão só

A noite parecia uma eternidade, lá fora os ventos alísios pareciam fustigar a minha solidão. Minha amiga e companheira insônia chegou pontualmente na hora marcada.Meu corpo suado, virava para todos os lados, procurando uma melhor posição para dormir. E o sono não chegava.

A mente parecia um cavalo disparado, pelas estepes sem fim. O pensamento ilógico, fazia ao mesmo tempo, mil perguntas e não encontrava a resposta. A noite continuava longa, fria e deprimida, sempre a espera da primeira luz do sol no horizonte.

O corpo depois de muito de debater, suor frio e sofrer, adormeceu por pouco tempo e teve sonhos povoados de incertezas, neste mundo onde tudo é incerto, onde tudo é fugaz e nada é certo.

De repente havia claridade no quarto, a minha vontade não era sair da cama. Mas lembrei-me de uma frase criada por mim, e logo balbuciei entre os dentes: “Levanta desta cama, cria coragem, retoca a maquilhagem, pois o show da vida tem que continuar”.

Tomei uma ducha rapidamente, coloquei o meu perfume predileto, tomei uma xícara de café e fui à luta. No caminho olhei para as pessoas ali, e pensei cada um tem seus mistérios, seus problemas e suas ilusões…

O meu corpo doía por fora e sangrava por dentro, sentia me completamente só; no meio da multidão, meu desejo era pegar uma estrada sem fim e caminhar sem rumo até compreender porque a tristeza e solidão pesam tanto.

Este sentimento é apavorante, não quero ver ninguém, não quero ouvir vozes, apenas estar ruminando como uma vaca velha, às incertezas desta breve vida.

Penso que nada e que ninguém poderá me ajudar, tenho que trilhar sozinho este vale sombrio. Nesta hora de profunda dor e sofrimento, lembro-me das palavras de uma velha amiga, que sempre dizia: “Sempre que precisar de um ouvinte, procure o Céu pois nele a alguém a te escutar”.

E neste tempo de tanta incerteza, tenho a certeza, que o sol vai brilhar depois da tempestade e como dizia Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso… Porque aprender é viver que é viver mesmo…Travessia perigosa, mas é a da vida.”

Carpe diem.

Antonio Magnani
Enviado por Antonio Magnani em 29/04/2022
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