Futuro
Firmo meus passos em direção ao futuro, alegre, sonhando com a mudança, supondo ser melhor que ontem e com dádivas que é esse presente. Apenas supondo... Nessa caminhada não me agrada o que vejo as margens do caminho. Descrever em nada traduz...
Olho à direita da margem onde deveria existir um acostamento e tudo que vejo é a natureza pedindo ajuda, como um pedinte atrás da esmola para alimentar seus frutos, flores e a própria vida.
Também presenciei fazerem revolução, destruindo um pouco da nossa dita civilização. Achamos rude, incoerente e muitas vezes sem por quê. Mas, se olharmos mais atento, com a visão aberta, veremos tantos por quês para toda rebeldia, tantos gritos emitidos em silêncio.
Fiquei absorto e enojado.
Pensei:
- Vou virar para à esquerda. Possa ser que eu veja solução para tanta ignorância.
De fato à esquerda existia um acostamento. Porém, cheios de acidentes; cobertos de areia e cascalho que convenientemente jogamos por uma moeda, por aqueles que promulgam em defesa do ambiente. Mas, quando observamos atentamente, veremos que os mesmo jogam pela janela de seus automóveis o invólucro daquela pastilha tão desejada, revelando o ser humano desprezível e ganancioso. E a natureza entra de novo em cena, com a chuva desfaz o que superficialmente tapou os buracos desta via.
Mesmo assim continuei a caminhar, mas, não sabia o que sentir, pois, assim como tantos, só damos atenção quando em parte nos é interessante. Foi ai que vi o futuro, decepcionante, frio, desolado e sem vida. Repleta de adultos, as crianças de ontem, dizendo "evoluímos". Mas em que mesmo?
Tive a minha frente flash's de toda uma era de onde saímos das carvernas, passamos pela industrialização, avançamos para o espaço, mas sempre na mesma estrada.
Mais houve, sim, uma evolução material. Já não posso falar da nossa humanidade.
Talvez chegaremos a uma evolução, mas não nesses primeiros milênios.
Texto: Futuro
Autor: Osvaldo Rocha
Data: 17/03/2021