O SOLITÁRIO PLANETA VERMELHO
O SOLITÁRIO PLANETA VERMELHO
O noticiário da televisão avisou que os cientistas iriam comunicar à população, deste planeta, uma importantíssima descoberta. Mais tarde, fomos informados que nosso vizinho, o planeta Marte, tem água.
Isto é, realmente, uma descoberta desconcertante.
A seguir, foi esclarecido que a água marciana é uma calda salgada, extremamente salgada, o que a impede de ser congelada no período de baixíssima temperatura que lá ocorre.
Sorridente e feliz o repórter abre o campo televisivo para a imagem do gigantesco astro – Marte – em todo seu calvo e rubro esplendor.
Senti uma sede estranha. Fui tomada por uma espécie de angústia. Marte sofre com temperaturas extremas. Aquela bola vermelha parece um imenso e solitário coração. Como serão seus batimentos?
Se nós olhamos para Marte... Marte também nos vê!
Vê esta multidão se esganando nas estéreis guerras. Vê a poluição condensando a atmosfera, depositando resíduos nocivos no solo, desertificando a Natureza. Vê a inescrupulosa devastação das florestas. Vê as queimadas incontidas, as insanas derrubadas. Vê os rios, lagos, mares, oceanos transformados em esgotos, em lixões...
Vê a vida animal submetida à cruel e avassaladora extinção.
Marte vê a Terra em adiantado estado de fusão.
Olhei para o solitário planeta exibido sem alegria.
Planeta Marte.
A visão daquele coração vermelho, vazio, salgado, de temperaturas extremas, parecia dizer à Terra:
- EU SOU VOCÊ AMANHÃ!