POR QUE?
A morte do ator Tarcísio Meira, que já havia tomado a segunda dose da vacina contra o coronavírus (Sars-CoV-2), intensificou o debate negacionista a respeito da eficácia dos imunizantes que estão sendo usados no Brasil. A dúvida, no entanto, é legítima: afinal, por que mesmo estando completamente imunizado o ator faleceu após contrair o vírus?
O caso de Tarcísio Meira não é isolado —embora seja considerado pouco comum— e pode acontecer independentemente da marca do imunizante que a pessoa recebeu. Um estudo da Info Tracker, plataforma de monitoramento da pandemia da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista), mostra que indivíduos completamente vacinados representaram somente 3,68% das mortes por covid-19 que ocorreram no Brasil entre 28 de fevereiro e 27 de julho. Entre esses apenas 3,68%, a maioria dos óbitos foi de idosos acima dos 70 anos, como Tarcísio.
As mortes em imunizados não significam que as vacinas não são eficazes. Elas funcionam, mas nenhuma vacina garante que a pessoa tenha o "corpo fechado" e nunca fique doente. A microbiologista Natália Pasternak usou uma analogia muito boa para explicar como os imunizantes agem: eles atuam como um goleiro muito eficiente que impede a bola de entrar no gol. Mas, se a zaga do seu time é ruim, o adversário vai chutar mais vezes ao gol, e aí aumenta a probabilidade desse goleiro sofrer gols (mas ele continua sendo bom).
Pensando no corpo humano, a vacina seria o goleiro e a zaga seria nosso sistema imunológico e a saúde geral (não ter comorbidades, como excesso de peso, diabetes, pressão alta etc.)
É importante ainda lembrar que, em idosos como Tarcísio Meira, a resposta imunológica pode estar comprometida pelo envelhecimento natural do corpo —um processo chamado de imunossenescência. Além disso, outras comorbidades associadas ou não à idade podem piorar a resposta do corpo diante de um vírus, o que leva a complicações da doença.
Apesar de serem poucos, casos como o do ator acabam tendo uma grande visibilidade. Por isso, precisamos reforçar que eles não são a regra e, sim, a exceção. Portanto, não deixe de tomar as duas doses da vacina contra a covid-19 e siga mantendo os cuidados sanitários (distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel).
UM ARTIGO DE DANIELE SANCHES DE VIVA BEM UOL