Não saio de mim mesmo: sou memória!
O Rio [Tocantins] foi meu curso infante: à sua beira, nasci. Logo cresci.
Pouco a pouco naveguei. De lá até acolá.
Da fazenda São Pedro, no município de Carolina/MA, ao município de Babaçulândia-TO, construí meu caminho pelas ondas enfrentadas ao sol.
Ondas violentas à canoa.
Chuva!
Sol!
Bancos de areia!
Vidas secas em águas, foi o que vivi com os meus. Mas tenho saudades!
Saudades da força com a qual remei a canoa.
Com meus pais e com meus irmãos (Raul Martins, Ruy Martins) e minhas irmãs (Rosilene, Rutilene, Rosicléia, Rione e Raquel seguimos o rumo. Esta última nunca pôde desvendar essa essência: apenas a sentiu ao ser carregada no colo dentro da canoa em razão de sua deficiência físico-motora-sensorial.
Minha travessia: o Norte. Deixei as margens maranhenses para aventurar a vida nas tocantinenses.
O Norte que me levaria à terceira margem ao sair do roçado até chegar ao doutorado.
A canoa hoje é apenas memória, mas está impregnada em meu sentimento mais profundo. Sou também canoa, sou rio que navega na realização que me foi possível.
Tudo foi oportunizado pela arquitetura do aprendizado empírico da carpintaria de meu avô Manoel Pereira (Bem-Bem) e de meu pai Raimundo Ferreira, ambos apoiados nas forças de minha mãe, Amância Martins, quem foi a minha primeira professora nos primeiros contados com as letras.
Deixei a canoa e o roçado. Fui ao mestrado na PUC Goiás, orientado pelo professor Divino José Pinto.
Tive o apoio incondicional de Súsie Fernandes, Renato Fernandes e Suzana Fernandes.
Agora, no discurso de conclusão do doutorado pelo PPGL da UFT/Araguaína-TO, e sob a orientação das professoras Janete Silva (pela Análise de Discurso) e Eliane Testa (pelos Estudos Literários), sou também memória por tudo o que aprendi.
Seguirei a vida, porém com o coração na canoa que me trouxe até aqui, pois um dia ela me serviu de caminho espiralar!