Estações de uma vida sem estação
As primaveras correram rápidas e fizeram-se outonos em minha vida, já sinto os primeiros sinais das brisas invernais. Os muitos cabelos já escasseiam, o filho deixou a criança e caminha da adolescência para a maturidade. Não temo, porém, a escalada dos anos. É natural, é da vida, de minha humanidade. Talvez, e enfim, desabroche a melhor versão de mim, o toque do eterno pelas frestas do ser. Quem sabe o rio que tão pequeno surgiu e logo cresceu se descubra o próprio Mar... Alguém lembrará quando eu partir? Recordarão do pobre místico poeta? Porventura alguma marca ficará da passagem de mais uma névoa pela planície? E isto importa? Acho que não. O Amor - o verdadeiro - não tem eu ou meu... É! Aqui a minha aspiração suprema, de ontem e de sempre, Ser o Amor sem nome, sem alvo ou objeto, Amor pelo Amor. Que meu "testamento" não seja um texto, mas o silêncio maravilhoso de uma estrelada noite ou um sorriso de entrega, sereno e suave. Em paz...