Um olhar chinês

Dizia um velho chinês, que a água transparente, límpida do lago, mostrava, sem reservas, e sem resistência, o fundo.

Sem segredos, translúcido, abre-se à devassa o perfil, quase passivo, de quem não se turva a nenhum olhar.

É preciso cuidado com as impurezas, exige cuidados ao se mergulhar em águas turvas, mas não há conquistas, não há vitórias, se não houver desvios, empecilhos.

À pessoa, a quem se ama, conta-se um sigilo, revela-se um segredo, à pessoa a quem se ama, se oferece uma confidência, um trampolim para que o âmago seja alcançado, seja a prenda, mas não um íntimo que a todos foi oferecido.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 20/12/2020
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