Minha história com a Depressão

Primeiro conselho que vou lhe dar:

PROCURE UM ESPECIALISTA. DEPRESSÃO É DOENÇA E VOCÊ NÃO TEM CULPA POR ISSO.

Quero partir desse pressuposto para começar a falar com vocês. Não. Não sou especialista. Não tenho formação em psicologia ou psiquiatria. Sou apenas alguém que teve que lidar com a depressão por muito tempo… e sei que cada experiência individual é uma experiência individual e que todos nós somos seres complexos, mas tem algo que eu também sei: que somos seres sociais e que estar sozinhos não faz parte do nosso DNA.

Preste atenção que eu uso a palavra sei, e não a palavra acho. Portanto: sim eu sei e afirmo cada uma das minhas colocações aqui. E eu sei que doi e sei que você não precisa enfrentar isso sozinho. Siga seu DNA. Se socialize…

Dito isto, quero lhe contar um pouco de minha experiência pessoal. Possa ser que não sirva pra você. Possa ser que não sirva pra ninguém, mas obrigado por me ouvir…

Eu nasci no sertão pernambucano, mas dos 4 aos 11 morei na Argentina. E dos 4 aos 11 sofri todo tipo de violência que você possa imaginar… principalmente pelo fato de ser brasileiro e por vir de uma situação familiar bem delicada. O sentimento de exclusão era grande. Bullyng é uma palavra recente, mas muito antiga na minha pele, e estou falando sério - uma das cenas mais dolorosas foi quando fizeram uma roda pra cuspir em mim.

Em 2001 eu voltei a morar no Brasil, porém era o "argentino abestalhado" e em meu próprio país sofri exclusão também a ponto de em 2004 eu estar isolado em uma sala de 40 alunos, ninguém falava comigo. E essa foi minha primeira depressão.

Outras vieram. Por outros motivos. Mas vieram.

Acontece que uma das consequências de você ser excluído é você querer ser notado. Ser amado, saca? E uma das maneiras que achei de "conseguir" isso foi através do humor. Eu queria ser engraçado, quem sabe fazendo as pessoas rirem eu fosse aceito. Lembro que decorava piadas, cordeis engraçados etc…

Até orava pedindo isso.

Acontece que a outra consequência é a dificuldade de se abrir, de conversar. O problema é que você realmente começa acreditar que está sozinho e que só você consegue resolver seu tranco.

E aí veio ciclo vicioso de estar rodeado de gente que ri de suas piadas, mas não ri com você e não pergunta sequer se você está bem. E sabe você achar que sozinho você se vira? Pois é, deu ruim.

E aí ou você se machuca ou você machuca alguém ou os dois.

E aí mais sofrimento.

E tudo talvez fosse amenizado se eu apenas falasse…

Então eu falei. Busquei ajuda médica e foi osso. Mas falei…

Curou? Não.

Passou? Não.

Mas hoje eu sei chegar em pessoas e dizer: mano, to ruim. E essas pessoas no mínimo me ouvem e não ficam apenas esperando uma piada… E com o tempo você APRENDE a lidar melhor. A se aceitar mais e a caminhar com suas próprias pernas. Não existe fórmula mágica. Tudo é apredizado. Como diria um poeta espanhol:

Caminhante, não há caminho.

Se faz caminho ao andar.

Acho que você pode experimentar…

De qualquer forma. Busque ajuda. Se quiser conversar. Chama nois!

CVV -188

Busque atendimentos nas clínicas de Psicologia das universidades mais próximas de sua residência.

CHORE MESMO!

E se o médico te receitar, tome seus medicamentos. MAS SÓ SE O MÉDICO RECEITAR.