MÃOS
Olhei para uma folha caída.
Estava seca, dura, sem vida.
Fiquei observando que sua cor mudou, seu vigor sessou.
De nada serve, quando não se tem a seiva da vida.
Observei minhas mãos.
Estão enrugando. Marcas acentuadas que registram o tempo.
Estão perdendo a elasticidade.
Estão perdendo a beleza.
As pessoas olham no todo e não percebem os detalhes.
As folhas caídas não são lembradas do quanto já foram viçosas e vigorosas.
Mas mesmo caídas, servem para o adubo da terra.
Minhas mãos também já serviram e ainda servem.
As marcas, são de trabalho, de entrega, de carinho e de doçura.
Também serviram de dor. E infelizmente, estas são as que são lembradas.
Meu consolo é que são muitas folhas secas e que também são muitas mãos enrugadas.
Gratidão por fazer parte do servir.
Que as rugas deixem este registro no tempo em que minhas mãos serviram.