Nº24 – Recomeçar

21/07/20 - terça-feira

Querido Unicórnio,

Tudo começou do outro lado do mundo e já vamos para 129 dias de uma realidade que tem causado muitas mudanças. Alguns se preocupam com a economia, outros com a saúde, alguns não se preocupam com nada. No Brasil parece que explodiu uma Nagasaki, e 80 mil vidas já partiram. A “gripizinha” digievoluiu para “cloroquina salvetion”, e não sei você, mas eu tenho sentido uma tristeza como nunca tive por ser brasileiro.

Mas me fale de você. Esta é a carta de nº24 que te escrevo, e ainda não recebi noticias suas. Tenho ficado preocupado. Ah, “Querido Unicórnio” não é um tratamento direcionado especificamente aos LGBTQIA+, caso você seja hetero e se sinta incomodado rsrsr. Sou um Urso apaixonado por unicórnios, e assim materializo meus sentimentos por você tendo esse ser místico como patrono. Então, espero receber noticias suas tão breve, e passando essa quarentena vamos marcar de tomar um café com aquele pão de queijo mineiro feito na hora.

Recomeçar é o segredo, é o mantra, é o manual de escoteiro, é o POP. Não importa a religião que você está em comunhão, tão pouco se você é ateu, pois em dados momentos da vida, quando tudo parece não ter mais jeito, RECOMEÇAR é a escolha que nos impede de afundar em um poço de depressão. A semana que passou foi pesada para mim. Como estou desempregado e os “não” pós-entrevistas (quanto acontecem) tem sido frequentes, tenho ficado muito desanimado, preocupado, descrente que essa tempestade vai passar. Sinto muito medo de cair depressão (à qual tenho histórico). Procuro de todas as formas que posso e consigo, me reinventar, me reconstruir, encontrar nesse lixão da pandemia alguns fragmentos de esperança. Aos domingos tenho colorido ao som de musicas que me proporcionam momentos de reflexão. As segundas eu escrevo para você – que não me retorna neh... te indico Mary e Max, uma animação única.

Recomeçar não é fácil, mas é imperativo que nos amemos ao ponto de entre a paz pro nada e a dor pro tudo, escolhamos continuar lutando. Ter nas dores um divisor de águas que nos leve a uma evolução. Às vezes o poço de depressão é a falta de amor próprio, a ausência de uma família ou uma que não nos valorize, a ausência de amigos ou a presença dos oportunistas, a ausência de um amor ou a presença dele, o fracasso profissional ou a ausência de um emprego, o sonhos frustrados, a falta de reconhecimento, a sensação de que Deus não nos deixa crescer. Todos estamos passivos a sentir tudo isso, mas é o tamanho de nossa obstinação que nos levara a um poço, a uma caverna de isolamento e lamentações, ou a capacidade de nos reinventar e recomeçar.

Não importa se você tem 20,30,40,50 anos. Enquanto houver sangue pulsando em suas veias, você será sim capaz de escrever sua própria historia. Então seja protagonista. Saia de humanas e vá para exatas ou vise e versa, mas não pare, não desista de você. Recomeçar não é para os fracos, é para quem luta.

Lembre-se de nosso lema:

Viver vale mais que existir.

Ser Resistência.

Ser uma flor teimosa que insisti em florescer em uma selva de concreto.

Com amor, Tiago.