VALENTES BAIANOS

Valentes são aqueles que a despeito da pouca comida, do trabalho pesado, não fogem da luta. O povo baiano sempre brigou por melhorias em tempos que esbravejar contra os desmandos era enorme ofensa ao governo vigente. O 2 de Julho de 1823 só foi um desses momentos em que a Bahia expressou o seu desejo por liberdade, independência.

A Bahia é feita de muito dendê, pimenta, e um bom tempero verde. Somos quentes na nossa essência; repletos de uma eletricidade que nem todas as populações brasileiras possuem. Apesar dessa característica, somos também de uma doçura incontestável... Capazes de atrair aqueles que nos visitam.

Hoje, 2 de Julho de 2020, estamos vivendo um momento tão difícil como o das nossas lutas para vermos o nosso país livre de Portugal. Lutamos contra um inimigo voraz, capaz de ceifar milhares de pessoas; uma arma potente que não tira o sangue, mas retira o que temos de tão importante: o ar, o fôlego, a possibilidade de respirarmos. Esse inimigo mortal se aliou a outro grande e perigoso algoz: A ignorância. Pessoas passeando nas ruas, fazendo o habitual exercício físico, sem usar máscaras...

No século XIX, uma elite dominava e oprimia o nosso povo. Negros estavam escravizados, pobres eram explorados, índios eram dizimados, e quem ousasse se opor ao regime imposto era silenciado. É nessa circunstância que a ousadia do povo baiano ( negros, brancos, mestiços, militares, civis, litorâneos, sertanejos,mulheres) se torna ainda maior para tentar mudar a realidade da nossa nação. Ludibriados, alcançaram a façanha da vitória; mas, continuaram presos aos mesmos grilhões que um dia lhes colocaram devido à falta de conhecimento.

O povo baiano, continua buscando a liberdade. Mas, não pode entender o caminho, que percurso fazer, em decorrência de tantas informações e fakes. Em pontos onde tínhamos o povo corajoso dando as mãos para se conquistar a tão sonhada Liberdade, Igualdade e Fraternidade, vemos o povo sambando em meio à pandemia; uma elite festejando o que não se tem para festejar...

Em 1823 se chorava as perdas daqueles que corajosamente tombavam pela liberdade, pela fome; entendia-se que o momento era muito difícil. Segundo Braz do Amaral em sua obra História da Bahia, ele diz:

“ As vilas confederadas estavam esgotadas e das localidades de onde se haviam tirado gêneros alimentícios durante 10 meses, já quase nada vinha.

O abalo produzido no trabalho, a perturbação que em todos causava a guerra, transformara profundamente os serviços da lavoura.

Nem escravos nem os livres plantavam, colhiam, ou fabricavam mais, pelo que o exército pacificador, sofreu a fome.

A gente que saiu da cidade pereceu em grande parte na miséria, entre os dois exércitos. ”

Hoje, 2020, há quem gargalhe diante dos mortos; diante de valentes médicos, enfermeiros, pessoal da limpeza, policiais, profissionais do transporte urbano que não param para que nós consigamos sobreviver. Ontem, a luta era contra o colonizador; hoje, a luta (se é que de fato existe) é contra o outro... Esquecendo que a Bahia, o Brasil, somos todos nós; independente da cor da pele, ideologia, gênero,... Se hoje podemos falar livremente e dar a nossa opinião agradeçamos aos valentes que passaram por nossa história e deixaram um legado de força, coragem, determinação. Homens que não se venderam; homens que mesmo sendo traídos não pararam de tentar fazer do nosso estado, do nosso país, um lugar de real democracia.

Lizze
Enviado por Lizze em 02/07/2020
Código do texto: T6993856
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