Lobo a sangrar

Lobo cinza, animal sem alcateia, fera solitária, vagando sem rumo, indo para lugar nenhum, andando entre a noite e o dia, nunca se encaixando, nunca pertencendo, sempre buscando. Criatura sombria, que se viu paralisado diante da linda Rosa de Pasto, encantado com a beleza que via além de seu exterior, sempre tão bela mesmo sem perceber. Lobo cinza, animal solitário, que passou a se ferir, a sempre acabar sangrando nos espinhos que a rosa usava, para afastar quem não a enxergava. Animal sempre sozinho, agora caído ao chão, vendo o sopro de vida a se esvair ao ter o coração perfurado por um espinho, por não conseguir parar de tentar alcançar a rosa por quem se apaixonou. Rosa de Pasto em meio a espinhos que usa, agora chorando diante do lobo sem vida, se afogando no lamento de perceber que sempre desejou alguém que a amasse, vendo-a de verdade, mas que em medo se guardou, atrás de belas palavras se ocultou e uma prisão criou. Rosa de Pasto em meio a lágrimas, agora a perceber que o que sempre buscou a encontrou, mas que não enxergou um Lobo Guardião a amá-la, a enxergá-la, a tentar alcançá-la. Rosa de Pasto, mesmo tão bela, agora além dos espinhos se encontra em meio de dor, por saber que amor como do lobo jamais existirá. Lobo em sonhos de réquiem, que jamais poderá alcançar o amor da rosa que sempre buscou.