Nº18 - Tudo que me Incomoda!
Bom dia Unicórnio,
São 10:21 e o numero de hoje 2020.
Não te abandonei meu querido Unicórnio, pois nesta pandemia ninguém pode soltar a mão de ninguém, mesmo que o ato de segurar as mãos seja simbólico, devido o distanciamento e as orientações dos órgãos de saúde. Nos últimos dias estive com minha família, da qual, devido essa loucura, fui isolado, por isso a minha ausência e te escrever. E ai, continua firme? Ta só existindo ou vivendo com intensidade? Não esqueça hein, permanecer teimoso em florescer nesta selva de concreto.
Eu sempre me pego em um confronto pessoal tendo três perguntas instigadoras: QUEM SOU EU? ONDE EU ESTOU? e O QUE EU QUERO?. Esse debate interno as vezes é voluntario, um ato de disciplina ante meus sonhos e projetos, assim como respeito a minha historia, uma lembrança que a jornada continua, que preciso continuar seguindo em frente. Outras vezes, tais perguntas me vem como um vento impetuoso, seja para me tirar de meu estado de comodismo ou para acalmar as tempestades que provoco dentro de mim. Em ambas as situações sou levado a um encontro comigo mesmo, à um ato de resiliência.
O conhecimento pessoal, local e sobre as ambições é um norte, é um divisor de águas. Há portanto questões na vida que precisamos entender para saber lidar, ao invés de bancar super herói e colocar-se em situações de negação, sofrimento e morte. Certo dia abracei as seguintes questões O QUE ME INCOMODA?, POR QUE ME INCOMODA?, POSSO FAZER ALGO PARA RESOLVER?. O incomodo causa indisposição, mal-estar, depressão, ligeira alteração de saúde. Eu, por exemplo, tenho TOC, e como não moro sozinho, isso às vezes me leva à alterações desnecessárias de humor. Para essa, meu caso, e outras situações, será que o que me incomoda merece a atenção que dou? Não se trata de fechar os olhos, apertar o botão do “foda-se” e bola pra frente. Trata-se de entender o que causa o incômodo, responder POSSO FAZER ALGO PARA RESOLVER?, fazer se puder e seguir.
Nossos incômodos internos são resultados de nossas questões mal resolvidas sobre o passado e presente, que possuem um impacto destrutivo na construção de nosso futuro. É preciso encarar, entender, resolver e libertar-se. Incômodos externos não devem ser ignorados, pois somos seres coletivos, mas devem ser filtrados antes de serem tratados, do contrario cairemos em um buraco de ansiedade, estresse, instabilidade emocional por causa de algo que não nos compete envolvimento. Incômodos são como guerras, e ir para o campo de batalha nunca foi a melhor forma de se decidir um conflito.
Te desafio, neste momento de caos externo, a sondar o seu caos interno. Te desafio a fazer uma lista O QUE ME INCOMODA?, POR QUE ME INCOMODA?, POSSO FAZER ALGO PARA RESOLVER?. Te desafio a liberta-se da carga que não é sua, e na leveza de sua existência, se assim ver que consegue, ajudar a aliviar a carga de outras pessoas.
Meu querido Unicórnio, cuide-se. O corona vírus levou a humanidade a usar marcaras para se proteger, e na exposição de sua existência ínfima e frágil, fez com que as marcaras sociais caíssem. E o racismo, um dia velado, explodiu, causando um feito dominó. A violência por causa da cor, do sexo, do gênero, da classe social tem sido desmascarada, revelando como nossa sociedade ainda é primitiva. Diante de tanto ódio, se conheça, se ame, se abrace. Compreenda sua existência, não permita que o mundo, que seu país, que sua cidade, que sua casa te anulem. Você é importante.