Nº17 - Escrevo, logo existo!

Bom dia Unicórnio,

São 10:00 e hoje não tenho numero.

Essa noite passei em claro. Minha cabeça tem ficado um pouco ruim. Sinto que o corpo padece, o coração e a alma estão em um conflito de resultado catastrófico. Por mais que tente me apegar as coisas positivas para resistir, ser humano e viver entre seres tão inconstantes, machuca, atormenta, faz querer adentrar em uma caverna e entrar em hibernação eterna. Na ausência do sono, atormentado por visões toda vez que fechava os olhos, escrevi essas linhas abaixo.

Estou tomado por uma diversidade de pensamentos e sensações.

O medo, o nervosismo e a euforia me consomem,

Levam-me a uma total ausência de realidade.

Os dias convertidos em semanas,

que através dos meses,

me levam a um louco encontro comigo mesmo,

Contemplar meu interior é como apreciar o perfume das flores,

temendo a agonia de seus espinhos.

Quarentena, que de quarenta já esta fazendo hora extra,

E esse confinamento que se arrasta.

Dentro de mim um grito: Chega, basta.

Meu arsenal para não surtar, surtou.

Na tv morte, ódio, corrupção,

nas redes sociais todos de repente se tornaram ativistas.

Gays, negros, mulheres morrem todos os dias,

Queria ver esse povo fazer revolução nas urnas.

A realidade me bombardeia, tiros a queima roupa.

Quanta falta de amor.

Já nem consigo mais fecha os olhos à noite.

Deito-me e sou sufocado por ansiedade e medo.

Sinto como se estivesse nu, exposto, desprotegido.

No escuro sou abalado por visões abstratas.

Com rostos tão nítidos, que abalam minha realidade.

Sinto que minha existência esta esvaindo-se,

E na dádiva de cada novo amanhecer, só agradeço.

Colocando em cada palavra a esperança de manter vivida minha existência.

De manter-me fiel aos meus propósitos, meus sonhos e minha essência,

Mas o olhar tem mudado,

Desta quarentena muitas lições.

Sempre tive medo de mudar, pois odeio certas versões de mim mesmo,

Mas tenho sido confrontado do “por que não mudar?”.

Talvez minhas piores versões sejam as adequadas para esse mundo.

Talvez eu devesse escrever apenas para não esquecer a essência.

E mudar, mesmo que de forma negativa, para manter minha existência.