A TERRA PAROU

Há 43 anos Raul Seixas lançou a canção “O dia em que a Terra parou”. Uma letra muito ousada, mas ao mesmo tempo parecendo o pensamento de um psicótico, paranoico, louco, tresloucado daquele tempo.

43 anos se passaram e essas palavras vagaram quase que emudecidas no tempo, até que se chegasse em meados de dezembro de 2019 para que “O dia em que a Terra parou” ganhasse vida, ou quem sabe “morte” dependendo do ponto de vista de cada um.

Wuhan, na China é o berço do nascimento de uma nova versão do coronavírus. Lá ele nasceu. Infectou algumas pessoas. Um surto naquela microrregião. Em seguida alcançou outras localidades, tornando-se uma epidemia. Posteriormente, se espalhou pelo planeta e a OMS classificou a situação como uma pandemia e a doença como COVID-19. Assim como os seres humanos amam viajar, o coronavírus também não se contentou em ficar somente na China. Cruzou fronteiras, atravessou florestas e desertos; rios e lagos; mares e oceanos. Enquanto uma grande parcela da humanidade não tem condições nem de se alimentar, o coronavírus se deu ao luxo de viajar de trem, de metrô, de ônibus e de carro; de navio e de avião; invadiu vilas, cidades e metrópoles; terras e águas, sempre pegando carona em corpos humanos e em objetos. Em suas viagens, por onde quer que ele passou, está passando e passará, vai ficando rastros de destruição. Mais de 8 mil vidas em menos de quatro meses deixaram de existir. E é assim que “O dia em que a Terra parou” não é mais a licença poética e delirante da letra de uma canção. É a realidade nua e crua como estamos conhecendo, vivendo, e vendo milhares deixarem de viver.

O direito de ir e vir, não tem mais sentido. Agora, temos a obrigação de ficarmos presos em nossos lares.

Não podemos mais voar, navegar, conhecer novos lugares ou visitar caminhos pelos quais outrora passamos.

E o calor humano? Aquele abraço de amigo, ou bem apertado a alguém que amamos muito! Fica adiado. Só Deus sabe por quanto tempo.

Cumprimentos? No momento só com os cotovelos, com os pés ou simplesmente um aceno, à distância.

E nossos pais, avós, bisavós, cada um já parou para pensar neles? Ou cuidamos bem deles ou os veremos desaparecerem no tempo, pois Wuhan parou; a China parou; a Itália parou; a Europa parou; a África, a Ásia e a Oceania pararam; as Américas também pararam. A Terra parou. Mas o tempo não parou.

O mundo globalizado, onde as distâncias deixaram de existir, passa por essa metamorfose, onde agora é cada qual no seu lugar. O mundo está se fechando.

Resta-nos uma única liberdade: A LIBERDADE DE ESCOLHA. Ou escolhermos entre tentar sobreviver, nos trancafiando em nossos lares como prisioneiros do medo, mas sobreviventes dessa crise global de enfermidade, ou nos aglomerarmos em praias, cinemas, shoppings, bares, ruas, festas e outros eventos de toda e qualquer natureza, mas correndo sérios riscos de contrairmos esse maldito coronavírus e o transmitirmos aos nossos amigos e parentes, pondo-os e nos pondo à prova de vida.

Até onde a Terra ficará parada, nenhum humano tem a capacidade de dizer com precisão. Agora a corrida é contra o tempo, é contra a morte, é a favor da vida.

O isolamento é o melhor remédio. As redes sociais, no momento, são os melhores carteiros que levarão nossas notícias e mensagens aos nossos familiares e amigos, desde os que estão na casa ao lado aos que estão nos locais mais distantes de onde nos encontramos.

Que momento difícil! Aprenderemos muito com tudo isso.

A consciência de que precisamos nos precaver, preservando a vida pessoal, familiar e de amigos é de responsabilidade de todos nós. Não vamos fazer as coisas erradas só porque outras pessoas estão fazendo. Vamos seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde para sairmos com vida e sãos.

Antes de lavarmos as nossas mãos, vamos lavar a nossa consciência, varrendo da nossa vida todas as formas de facilitação da propagação da COVID-19. Só assim, poderemos chegar ao ponto de trocarmos a frase “O dia em que a Terra parou”, pela frase: O dia em que a humanidade sobreviveu e seguiu em frente.

GILVANIO CORREIA DE OLIVEIRA

ITANHÉM – BAHIA,

18/03/2020. 22h37min.

FELIZ A TODO VAPOR
Enviado por FELIZ A TODO VAPOR em 19/03/2020
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