Meu coração vagabundo
 
 
Ao longo da vida, passei por momentos intrincados que, vez por outra, traziam-me confrontos entre a realidade e um mundo de sonhos, que esfumaçavam-me os olhos e conduziam-me, a situações difíceis, principalmente quando o assunto se referia às travessuras desse meu pobre e complicado coração.
Esse mundo dos sonhos, de “Neverland”, onde Peter Pan, Sininho e toda aquela gente pequena da Terra do Nunca vivia, jamais saiu da minha cabeça ... jamais saiu do meu coração.
Sempre deixei-me conduzir por ele, colocando a razão em segundo plano, principalmente porque, quando andava apaixonado por aí, o que não foram poucas vezes, ele me fazia enxergar um mundo diferente onde as flores tinham cheiros e cores do jardim de um lugar inesquecível e, a lua flutuava sobre a minha cabeça, trazendo inspirações para escrever, compor e falar daquela amada de uma forma muito mais significativa, que somente eu e mais ninguém poderia enxergar.
Meu coração apaixonado, era quase um estimulante para que eu pudesse continuar vivendo. Eu não poderia continuar se não estivesse, sempre, profundamente apaixonado.
Quando, em alguma canção ou verso, eu me referia aos olhos, aos lábios, ao jeito dela andar, o fazia com uma ternura cheia de propósitos e absolutamente recheada de carinho e admiração ... e, ele era o responsável por tudo isso!
Esse músculo ruidoso, por ser tão compulsivo, também trouxe desventuras que me fizeram sofrer e jamais entender porque o amor não pode ser incondicional!
Ele sente falta dos tremores que aquela voz me proporcionava, mesmo quando me veio trazendo notícias de adeus!

"... Meu coração vagabundo, quer guardar o mundo em mim!”
                                                                                                      (Caetano Veloso)
Germano Ribeiro
Enviado por Germano Ribeiro em 16/03/2020
Reeditado em 25/03/2020
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