União do corpo com a alma
A união da alma com este ou aquele corpo é sempre designado com antecedência. Escolhendo a prova que deseja sofrer, o Espírito pede para se encarnar; Deus, que tudo sabe e tudo vê, sabe e vê com antecedência que tal alma se unirá a tal corpo.
O Espírito também tem o direito de escolher o corpo, porque as imperfeições do corpo são provas que o ajudam no seu adiantamento, se ele vencer os obstáculos encontrados; mas a escolha não depende sempre dele; ele pode pedir.
Se o Espírito no último momento recusasse o corpo escolhido, sofreria mais do que aquele que não tivesse tentado nenhuma prova. A criança quando deve nascer para viver, tem sempre uma alma predestinada; nada é criado sem um desígnio.
A união do Espírito com determinado corpo pode ser imposta por Deus, da mesma maneira que as diferentes provas, sobretudo quando o Espírito ainda não está apto a fazer uma escolha com conhecimento de causa. Como expiação o Espírito pode ser constrangido a se unir ao corpo de uma criança que, por seu nascimento e pela posição que terá no mundo, poderá tornar-se para ele um meio de castigo.
Muitos Espíritos podem pedir a Deus para nascer num determinado corpo que vai nascer, mas é Deus quem julga, em casos assim, o que possuir melhor capacidade para preencher a missão e que irá se utilizar desse corpo. Mas, como já foi dito, o Espírito é designado antes do instante em que deve unir-se ao corpo.
A perturbação no momento da encarnação e muito maior e mais longa do que a que se verifica no momento da desencarnação. Na morte, o Espírito sai da escravidão; no nascimento ele entra nela.
No instante em que o Espírito deve encarnar-se ele sente como um viajante que embarca para uma travessia perigosa e não sabe se vai encontrar a morte nas vagas que o afronta.
NOTA DE ALLAN KARDEC: O viajante que embarca sabe a que perigo se expõe, mas não sabe se naufragará. Assim se dá com o Espírito: ele conhece o gênero de provas a que se submete, mas não sabe se sucumbirá.
Da mesma maneira que a morte do corpo é um renascimento para o Espírito, a reencarnação é para ele uma espécie de morte, ou antes, de exílio e de clausura. Ele deixa o mundo dos Espíritos. O Espírito sabe que se reencarnará, como homem sabe que morrerá; mas, como este, não tem consciência do fato senão no último momento, quando chega o momento desejado. Então, nesse momento supremo, a perturbação o envolve, como no homem em agonia, e essa perturbação persiste até que a nova existência esteja nitidamente firmada. O início da reencarnação é uma espécie de agonia para o Espírito.