OUTRO DIA

Outro dia, sentado à beira da calçada, onde eu sempre paro para dar uma breve pausa para o descanso, algo me chamou atenção.

Uma criança, uma jovem criança, me olhava fixamente de modo delicado e singelo, além de me presentear com um lindo, suave e estonteante sorriso.

Nesse momento, eu não consegui entender o que aquela criança, tão singela e tão inexperiente 'viu' em alguém como eu.

Nesse momento eu fiquei sem reação. Mas continuei com meus pensamentos.

Então, continuei com minhas lembranças. Lembranças de minha tão sofrida jornada; até aqui.

Me lembrei do tempo de escola; de quando fiz o colegial.

Eu era tão inexperiente, tão sonhador, tão imaturo.

Mas era feliz; Ou pelo menos pensei que fosse.

Naquele tempo poucas pessoas me observavam.

Mesmo havendo muitas pessoas à minha volta me sentia solitário, triste e sozinho; assim como agora!

Terminei o ginásio, fiz faculdade, mesmo assim me sentia incompleto, abandonado pelo mundo, pela vida.

Mesmo sendo adulto e socialmente bem estabelecido, profissionalmente me sentia perdido no tempo e espaço de meus devaneios.

Eu me sentia o ser mais incompleto do mundo.

As aparências enganam.

Tudo era ilusão.

Para mim pelo menos.

Hoje percebo que tudo ao meu redor é mentira; nada é verdade.

As vezes, muitas vezes, quem é de fora não vê e/ou não sente o mesmo que eu sentia dentro de mim.

Um dia, cabisbaixo e solitário parei para escrever esta história que estás lendo agora.

Luiz Saraiva
Enviado por Luiz Saraiva em 30/01/2020
Reeditado em 16/06/2022
Código do texto: T6853892
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