OUTRO DIA
Outro dia, sentado à beira da calçada, onde eu sempre paro para dar uma breve pausa para o descanso, algo me chamou atenção.
Uma criança, uma jovem criança, me olhava fixamente de modo delicado e singelo, além de me presentear com um lindo, suave e estonteante sorriso.
Nesse momento, eu não consegui entender o que aquela criança, tão singela e tão inexperiente 'viu' em alguém como eu.
Nesse momento eu fiquei sem reação. Mas continuei com meus pensamentos.
Então, continuei com minhas lembranças. Lembranças de minha tão sofrida jornada; até aqui.
Me lembrei do tempo de escola; de quando fiz o colegial.
Eu era tão inexperiente, tão sonhador, tão imaturo.
Mas era feliz; Ou pelo menos pensei que fosse.
Naquele tempo poucas pessoas me observavam.
Mesmo havendo muitas pessoas à minha volta me sentia solitário, triste e sozinho; assim como agora!
Terminei o ginásio, fiz faculdade, mesmo assim me sentia incompleto, abandonado pelo mundo, pela vida.
Mesmo sendo adulto e socialmente bem estabelecido, profissionalmente me sentia perdido no tempo e espaço de meus devaneios.
Eu me sentia o ser mais incompleto do mundo.
As aparências enganam.
Tudo era ilusão.
Para mim pelo menos.
Hoje percebo que tudo ao meu redor é mentira; nada é verdade.
As vezes, muitas vezes, quem é de fora não vê e/ou não sente o mesmo que eu sentia dentro de mim.
Um dia, cabisbaixo e solitário parei para escrever esta história que estás lendo agora.