Desejo romper com meu passado...
Tento dele me afastar, mas ele insiste como um bom argumentador que é. Penso que o tempo passado aprendeu eloquência sofista, ou não estaria tão próximo do convencimento.
No entanto, reajo a ele e lhe digo não; um não fraco, mas a ausência de força mostra a força com a qual conto.
Tudo parece contraditório nesta questão entre nós: eu e meus tempos idos.
Tudo parece depender de um acordo entre ambos.
Então me pergunto qual acordo quero fazer: se insisto no romper definitivamente e sorrateiramente fico com algo, ou se compro com lágrimas e, por vezes, sorrisos, os ensinamentos que ele me dispõe.
Ele começa a enfraquecer a voz, como se me entendesse...
Se me entende, posso tê-lo como amigo? No futuro deste passado o presente será mais valioso, mesmo que eu esbarre nas memórias e até mesmo nos fatos lá deixados e trazidos novamente?
Será possível uma parceria?
E se meu presente se conciliar com o futuro do passado?
Se eu mostrar uma nova performance, será que o acordo se revela valioso ou traiçoeiro?
Recorro à maiêutica e entro em trabalho de parto de reavaliações do que sei. Ou, será que tudo nem sequer está a minha disposição?
Quem sabe mais? Eu agora? Eu ontem? 
Acho que preciso me conhecer um pouco mais antes de pensar em futuro neste presente que tenho hoje.
Desfaço qualquer acordo.
Vivo o hoje. E pronto!

 
miriangarcia
Enviado por miriangarcia em 23/01/2020
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