Maestro versus Compositor... e outros poemas.

Eis o comentário mais esdrúxulo — que já li em toda a minha vida.

Todos sabemos, que o "maestro" é um simples regente.

08/09/2019 18:06 - Gustavo Cunha [não autenticado*]

Sou maestro há 20 anos, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que possui o segundo melhor curso de Música da América Latina e afirma sem sombra alguma de dúvida que não há nenhum elemento sinfônico neste texto além do título - que é pura enganação.

Para o áudio: O Maquinista (A23434873)

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Maestro versus Compositor

O reflexo de tudo aquilo que somos, nos é dado por mérito.

O compositor usa sua imaginação,

Gerando emoção sobre o eco invocativo.

Ele manifesta o processo criativo,

Transformando em arte esta simples inspiração.

O espírito flutuante traz a canção,

Num movimento inefável de liberdade,

Adornado de cores e expressividade.

As melodias ecoam suavemente,

Como uma onda leva o barco livremente,

Num equilíbrio de pura sonoridade.

O compositor observa cada trecho

De sua obra, temperando com nuanças,

Num estilo próprio, e vai compondo mudanças,

A ponto d’elevar su’alma em cada entrecho...

O mágico contraponto embeleza o trecho.

O espírito está dotado de conhecimento...

Trespassa o processo no mais belo andamento;

Nos belos elevários, trilos e mordentes,

Accelerando e improvisando os incidentes,

Nos esbarros acidentais — fecha o desfecho.

O maestro, não. Este só deturpa a música.

Rege de qualquer jeito, co’a maior desfeita

Ao artista, que a esculpiu pra deixar perfeita...

Trabalhando noite e dia co’a metafísica.

Mesmo que a tal regência pareça ser lúdica,

O pobre maestro não entende o processo

Dessa volição ‘speculativa de acesso.

“A palavra artista é bastante incompreendida,”

— Disse Stravinsky! Se a obra não é entendida...

Certamente, a mentalidade estará “tísica”.

Os maestros, principalmente os brasileiros...

Pedem para os incompetentes dos spallas

Segurarem a barra, para não darem palas

Nas cadências sincopadas dos estrangeiros...

Nos movimentos mais simples dos violeiros,

Ficam atordoados; mas a pose, não perdem!

Fingem que estão regendo na fiel subordem,

Enganando a multidão — na mor cara dura,

E fazem de conta que olham à partitura,

Como se entendessem o rubato da desordem!

Muitos não sabem se é Dó, ou Fá# sustenido!...

Cadência? É tudo igual; maior, menor, não importa;

P’ra que entender de tonalidade... Se a porta

É surda, e ressoa uma voz tal qual um ganido?

Devem admitir que, realmente, é um gemido...,

Assombrando a imaculada sociedade!...

Nos profundos distúrbios co’a afabilidade...

Somente fazendo elo com alguns políticos,

Terão como fazer um som apocalíptico... —

Para agradar ao mor Dragão — o destemido!

Pacco

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Neves Douradas

Sonha, poeta, sonha! Aqui sentado

No tosco assento da janela antiga,

Apoias sobre a mão a face pálida,

Sorrindo — amores à cantiga.

(Álvares de Azevedo)

O contrabaixista já estava de pé!...

Quando o naipe resolveu ficar em pé!!!

Várias condecorações nas paredes,

Tão formosas... Possuídas a cobres...

Não sobrou um só canto!

Certificando um adornado capelo,

Na indecorosa armadilha de gelo —

Profundo desencanto.

A tormenta dos longos precipícios,

Nos Campos de Neves dos hospícios,

Tombaram grandes vermes!

As serpentes que habitavam os mausoléus,

Foram traídas, e fizeram mor escarcéus —

Com arrojados pêsames.

Nem mesmo as águas da chuva a derramar,

Nem mesmo as Neves a derreter no mar —

Calarão o meu cantar.

Douradas são as aves de rapina...

Que só crescem nas ervas da campina,

Nas Serras p’ra se assentar.

Barafustar as desgrenhadas trevas...

Nos labirintos caminhos das ervas —

Se perderão nos cardos!...

Turbados ao redor co’a indiferença...

Noites nebulosas — darão sentença —

Ao descaso dos Fados.

Ó pobres de espírito...,

Que degustam cabritos;

Inda levam os detritos,

P’ra lugares ‘squisitos.

De dia, é bode assado...

De noite, encapuzado;

Quando amaldiçoados...

Tornam-se mal-amados.

D’outrora vem o vento...

Com descontentamento;

Adagio em andamentos...

Nos tais talentos lentos.

Quem suporta a divina decadência...

Na surdina e mal tocada cadência —

Aos trancos e barrancos?...

Os eméritos penam por não saber,

A diferença que há entre o escrever,

E ler compassos brancos.

Os pompiers ficarão furiosos... —

Por não compreender, como os virtuosos —

Conseguem essa proeza.

A tormenta que envolve o esnobismo...

Deprimentes se lançam nos abismos —

Revela u’a mor tristeza!...

Avante!... Combatentes de rumores!...

Na batuta que enobrece os amores —

D’onde vem a inspiração.

Vossa glória é viver nos reles antros,

Na celeuma arrogante dos maestros —

P’ra reger aberração.

Poetas!... Luminosa é a vossa arte!...

Que cantam as melodias — dest’arte!...

— Cantos da natureza!

Das fugas profundas nas variações...

Harmonizando o enlevo nos corações —

D’onde inspira a beleza!

Pacco

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Século XXI

Para escrever uma grande obra, precisamos estar inspirados e ser criativos.

Vivemos numa divina decadência musical...

Que alucina e manifesta um sombreado vocal... —

No caos profundo!

O tum-tum dos baticuns prosperados de mau gosto,

E os insanos na balada da resignação do indisposto —

Ao iracundo.

No balanço do balancê, que degenera uma desprovida

Sociedade... Enfeitiçada pela regência entorpecida... —

Mal d’abjeção.

Decompõe a decrepitude errônea da pretensiosidade,

Na dor da ilusória esperança por encarar a verdade... —

Por abdução.

Senhor Deus dos insanos, preparai a virtude sobre o mal

Do sorrateiro, iludido no clã da irmandade desse Animal

Involuído!

Será que vale a pena sofrer a desventura irradiada no verso

Da aberração, simulada de tamanha imbecilidade no reverso,

E sem sentido?

Século XXI, acordai para os movimentos do real Viver...

Na beleza e na satisfação da glória, e, no infinito prazer

Da exaltação!...

Cantai as lindas melodias, na esperança e na satisfação

De liberdade, e no bel-prazer, que eleva o nosso coração —

P’ra sublimação!

Pacco

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Já versos já

Minhas atitudes são os reflexos dos seus atos.

Já me questionaram, murmuraram e criticaram...

Já me forjaram, me acusaram, me humilharam...

Já me surraram, me pisaram, abandonaram...

Já me cegaram, me usaram e me gozaram!

Já me torturaram, me odiaram, me xingaram...

Já me zombaram, e como, “Cegos”, me ignoraram!

Já me embebedaram, me afogaram, maltrataram...

Já me afanaram, me esfolaram e me isolaram!...

Já me aplaudiram, lisonjearam e me ampararam...

Já me beijaram, me abraçaram... E, até me amaram!

Também já me vaiaram e, de tão “Surdos”, me reprovaram!

Já me tentaram, ostentaram e se enganaram!

Já me infernizaram, me sugaram e me caluniaram!...

Já me “crucificaram” e me Ri-di-cu-la-ri-za-ram...

E como, “Loucos”... Me julgaram e me condenaram!...

Mas..... Nunca me derrotaram!!!

Pacco

Pacco
Enviado por Pacco em 09/09/2019
Reeditado em 10/09/2019
Código do texto: T6741042
Classificação de conteúdo: seguro
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