As panelas voltaram

Há tempo de rasgar e tempo de coser.

Atos pró-Amazônia reúnem grupos no Brasil e no mundo.

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As chamas que devoram a Amazônia brasileira nos últimos dias são as mesmas que alimentam nas redes sociais a indignação contra o presidente Jair Bolsonaro. Enquanto a hashtag #PrayforAmazon (reze pela Amazônia) se tornava trending topic global, e os habitantes das regiões afetadas publicavam imagens dos danos causados pelo fogo, o presidente dizia, sem apresentar provas, que as chamas estavam sendo deliberadamente causadas por integrantes de organizações não governamentais, como vingança pelo corte de recursos decretado pelo Governo. A crise também transcendeu à esfera internacional: o presidente francês, Emmanuel Macron, catalogou os incêndios na Amazônia como “crise internacional” e decidiu incluir o tema na agenda do G7 deste fim de semana. E o secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou sua “profunda preocupação” com a situação. “Em meio à crise climática mundial, não podemos nos permitir mais danos a uma grande fonte de oxigênio e biodiversidade. A Amazônia deve ser protegida”, tuitou o português, máximo dirigente das Nações Unidas.

Bolsonaro reagiu a Macron. Dono de uma retórica radical que não raro lança mão de construções falsas e mentiras para atacar os adversários, o presidente brasileiro usou tom inusualmente sóbrio e duro para acusar Macron de ser "sensacionalista" para "instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais". "A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI", criticou o presidente ultradireitista, que ainda criticou o presidente francês por usar uma foto "falsa" —a imagem usada, de fato, não é da onda de incêndios atuais, segundo a Folha. Bolsonaro, que contesta a medição oficial do desmatamento feita pelo próprio Governo, ainda pediu o uso de "dados objetivos" para discutir a questão.

Antes, o mandatário brasileiro havia usado sua retórica mais usual. Longe de recuar, voltou à carga. “Querem que eu culpe os índios? Que culpe os marcianos? Todo mundo é suspeito, mas os principais suspeitos são as ONGs. É uma indicação muito forte de que essas organizações perderam seus benefícios. É simples”, respondeu, de novo sem apresentar qualquer evidência, quando perguntado sobre a responsabilidade pelos incêndios. O presidente brasileiro sugeriu, além disso, que faltam recursos inclusive para enviar “quarenta homens para combater o fogo”.

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e em todas as bocas, bicos, becos, valetas, vias, vielas, valetas e mutretas...

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Encurralado na sua própria retórica, o MITO agora muda o TOM.

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

(AUGUSTO DOS ANJOS)

Serpente Angel
Enviado por Serpente Angel em 24/08/2019
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