O MISTÉRIO DA MORTE
Achei oportuno o texto para reflexão oferecido na missa do dia 02/11/2005, quando lembramos nossos entes queridos, chamados antes de nós. Neste momento, em que muito se escreve sobre o tempo aqui no Recanto, não é demais lembrar e refletir que o fim terreno é a coroação da nossa existência neste planeta e que a fé permeia este evento com esperança de vida renovada.
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“Em face da morte chega ao auge o enigma da condição humana. Não só o homem se aflige ao pensar na aproximação da dor e da dissolução do corpo, mas também, e mais ainda, pelo temor de que tudo acabe para sempre.
Mas o instinto do coração leva-o a julgar retamente, abominando e repelindo a idéia de uma ruína total, de um aniquilamento definitivo de sua pessoa.
O germe da eternidade que traz em si, irredutível à pura matéria, insurge-se contra a morte. Todas as tentativas da técnica, apesar de utilíssimas, não lograram acalmar a ansiedade do homem: o prolongamento da longevidade biológica não pode satisfazer o desejo de vida ulterior que lhe pulsa invencível no coração.
Se qualquer imaginação fracassa diante da morte, a Igreja, ao contrário, instruída pela revelação divina, afirma que o homem foi criado por Deus para um tempo feliz além dos limites da miséria terrena.
Além disso, a fé cristã ensina que a morte corporal, da qual estaria livre o homem se não houvesse pecado (cf Sb 1,13; 2,23-24;Rm 5,21;6-23; Tg 1,15), será vencida quando, pela onipotência e misericórdia do Salvador, o homem for reintegrado no estado perdido pelo pecado.
Deus chamou e chama o homem a unir-se a ele com toda a sua natureza, em perpétua comunhão com a vida divina incorruptível.
Cristo conquistou esta vitória ressurgindo à vida, após haver libertado o homem da morte mediante sua morte (1Cor 15,56-57).
A fé, portanto, oferecendo-se com sólidos argumentos a quem quiser refletir, dá resposta a suas ansiedades acerca da sorte futura; ao mesmo tempo oferece-lhe a possibilidade de se comunicar em Cristo com os entes queridos já levados pela morte, com a esperança de haverem atingido a verdadeira vida junto de Deus.
(Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 18)”.
02/11/2005