Insensatez

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Insensatez

Planeta terra, início do Século XXI.

É incrível como as mulheres não mais acreditam em homens sutis e dóceis! Onde erramos? Ou melhor: onde errei? Terei que pagar o preço da animosidade de homens grosseiros e insensíveis, que desprezam os sentimentos inatos a todas as mulheres?

Não imagino ser tão difícil para uma mulher acreditar que recebeu de alguém um texto que fala de amor e sobre o amor. Sei que vivemos num mundo frio, insensato, materialista e fútil. Entretanto, e isso é o que me move, ainda existem pessoas que, embora não estejam paradas no tempo, acreditam num amor sem preconceitos, sem os limites impostos pela sociedade.

Por que é tão mais fácil acreditar que o texto que você recebeu, apenas porque fala de amor, viajou pelos olhares de todas as mulheres existentes no planeta? Será que você não se considera verdadeiramente capaz de inspirar palavras meigas, de provocar num homem, mesmo desconhecido, a efemeridade eterna do amor, “posto que o amor é chama”? A descrença está nas palavras lidas ou na sua visão de si mesma?

A mim me comove, empós doces momentos de inspiração, receber como resposta a tudo o que escrevi, a dúvida e a alcunha de amante torpe, de homem vulgar e inconstante. O amor é inconstante, sim! Ele é tão maleável e fugaz quanto este instante, mas, mesmo assim, constitui-se eternamente naquilo que entendemos como essência da vida! Acredite nele e se inclua no rol das mulheres capazes de suscitar num homem tão sublime sentimento.

Se deveras escrevo diferente dos outros homens que você costuma ler é porque vi em você algo também diferente; e porque, também, sou diferente – acreditar que as pessoas são iguais é entender de forma simplista o ser humano. Todos somos distintos em essência e ações. Seria melhor crer que somos incapazes, despojando de nossas vidas a têmpera benigna do amor?

É mais fácil sentir-se diante de uma mentira textual, sei disso. Entrementes, é muito mais sublime sentir-se o ‘algo mais’, o provocador de sentimentos e ações raras, tudo por causa da peculiaridade existente em cada um de nós, como pessoas humanas. Você, portanto, tem duas opções: a de se achar apenas mais uma simples vivente que passará pelo mundo sem que ninguém, nenhum homem, sinta-se, jamais, atraído pela sua força única e inconfundível de mulher ou, o que creio ser mais coerente e factual, afirmar-se como única e merecedora não apenas dessas palavras, talvez escritas com rebuscamento, mas muito singelas diante de tudo o que você representa como pessoa e como mulher. Agora é com você, decida!

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Nota do autor:

Este é um texto fictício (parece real, não?), escrito durante o serviço do dia 25/01/02.

Talvez ele reflita, guardadas as devidas semelhanças, situações já vivenciadas por muitos internautas presos ao encantamento do mundo virtual e, de certo modo, indefesos diante de tantas perplexidades que esse ainda pouco explorado universo nos provoca, principalmente quando não sabemos exatamente o que dele podemos esperar nem o que dele buscamos.

Escrevi outros textos da mesma estirpe, tentando explicar e manifestar minha percepção do sentimento peculiar existente apenas a partir de relações vividas com essa peculiaridade.

Brevemente, disponibilizarei os demais textos na esperança de que, através da sua interação, eu possa mensurar até que ponto meu nível de percepção dessa irreal realidade do mundo hodierno interfere no cotidiano de milhões de pessoas que se escravizam, cada dia mais intensamente, sentindo e vivendo as emoções que uma tela oferta, gratuita e/ou nefastamente, pois nos modifica o corpo e a mente numa velocidade, por vezes, impossível de frenagem.

Grato!