Divagações
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Planeta Terra, início do Século XXI.
A vida nos apresenta situações onde ficamos, a priori, perplexos. O inusitado, o novo, o desconhecido, sempre causou medo ao homem. Porém, quando diante de situações dessa ordem, normalmente reagimos de uma das formas: ou fugimos e procuramos ignorar aquilo que se nos apresenta de novo – normalmente a saída mais prática; ou enfrentamos o desafio a fim de observarmos até aonde irá – esta, a saída dos fortes, daqueles que objetivamente nasceram para romper tabus e desvendar os mistérios da vida. Foi assim que me senti ao “conhecer” você: diante do novo, sem saber o que fazer.
Tudo o que conversamos e descobrimos um do outro: os desejos, as preferências, as ansiedades, os medos... Tudo isso me fez ver que inda sou pequeno diante da imensidão universal do misterioso e místico íntimo de uma mulher. Ter a honra de conhecer sua intimidade – afinal não é todo dia que você se permite falar tão abertamente sobre ela, não é? – causou-me desejo que há muito não sentia.
Lamento minha situação de vida. Poderia mentir, ocultar detalhes e – até – omitir aspectos da minha existência. Porém, sempre acreditei que tudo aquilo que é erguido tendo como alicerce algo não verdadeiro, acaba por meios cruéis onde restam, ao final, apenas o ressentimento e a mágoa. Isto posto, a verdade, embora potencialmente exerça força que tende a afastar você de mim, será a base de tudo aquilo que almejarmos construir doravante.
Passaria horas a fio tentando descrever a emoção e o desejo que me invadem. Tornar-me-ia prolixo e enfadonho, mas não é isso o que pretendo.
Ao conhecer-me, não encontrará o melhor nem o pior dos homens: encontrará um homem diferente, disposto a tentar fazer de você uma mulher também diferente das outras pela felicidade que brotará dos seus olhos enquanto estivermos juntos, e, mormente quando distantes, porque ficarão conosco as doces lembranças dos momentos vivenciados a dois.
Entristeço-me ao constatar que minha primeira abordagem acerca das possíveis reações humanas, quando diante de situações inusitadas, tendeu para a opção mais cômoda e simples: a da fuga. No entanto, também acredito, e isso me faz feliz, que não se obtém obra de rara beleza com único ataque criativo da inspiração humana. Claro! Somos assim mesmo. Não podemos exigir de nós revoluções sem sangue, sem suor e, principalmente, sem a luta interior das várias e conflitantes facetas da nossa persona – as que nos impulsionam para o novo e as que nos prendem a um passado que tínhamos como certo e que, de repente, quer desmoronar, sente-se ameaçado!
O mundo, realmente, permite-nos momentos que outrora imaginávamos intangíveis. Quando diante de acontecimentos dessa ordem é justo e até compreensível que tenhamos medo. Nunca esqueça, no entanto, que o medo é, por vezes, o mais doce tempero de belas e fortes histórias de amor.
O homem, o bicho homem, ama. Claro! Somos feitos díspares para que nos complementemos. Os amores, porém, são diferentes: existem os amantes ortodoxos, os esdrúxulos, os ‘politicamente corretos’ – todos felizes dentro das limitações e dos padrões impostos por seus conceitos íntimos do que seja um relacionamento permitido; mas o mundo é dinâmico e, dentro desse dinamismo, existe, felizmente, espaço para ousar, para que pessoas, por meios os mais diversos, busquem novas formas de amar, de conhecer, de viver e de sentir.
Como já revelei, conheço minhas limitações de homem. O que não posso, contudo, é desconsiderar a força que nos uniu e que de alguma forma nos une, ainda. Prescindir desse tênue desiderato não é digno de quem acredita no amor impossível! Sei que deve existir algum conflito brotando dentro do seu íntimo e você não precisa se perdoar por isso. Apenas tente fugir dos grilhões torpes que a sociedade nos impõe e busque sentir algo que certamente seu coração já permitiu que você sentisse, mas que sua mente teima em se não permitir.
Os grandes estadistas, numa retórica ímpar e avassaladora, são taxativos: não há revolução sem ‘morte’! Toda revolução consistente implica radicais mudanças sociais, políticas, religiosas... E o que significaria ‘morrer’ para tornar possível e tangível nosso relacionamento? Talvez significasse repensar valores, padrões e conceitos de vida e de sociedade. E isso também não é fácil! Como dizer ou revelar para você mesma que tudo o que te disseram na infância e na adolescência, tudo mesmo, não é verdade absoluta?! Como acreditar que a vida, o amor, a paixão e os sentimentos podem ser vividos e sentidos de modo diferente daquele que até ontem era tão seu, tão íntimo e inquestionável?!
Mas não se desespere, não! O primeiro passo já foi dado! Achar-se fraca, incapacitada de mudar é o maior exemplo de se perceber a vontade de mudança. E por quê? Porque até então a mudança simplesmente inexistia. Você estava conformada com a vida, com aquilo que parecia – e você começou a ver que não – ser a última e única maneira de ver e de viver o mundo.
Continue! Deixe que assim como a mais dura e potente lâmina de uma espada, seu coração e seu corpo sejam lapidados e forjados pela força do fogo interior que agora insistentemente amolece seu coração. Permita-se a mudança! Você pode e já percebeu que isso é possível.
Por fim, reitero, não minhas promessas, mas meu desejo de tornar mais real o que – já – é real, você sabe disso, entre nós, repetindo: ao conhecer-me, não encontrará o melhor nem o pior dos homens: encontrará um homem diferente, disposto a tentar fazer de você uma mulher também diferente das outras pela felicidade que brotará dos seus olhos enquanto estivermos juntos, e, mormente quando distantes, porque ficarão conosco as doces lembranças dos momentos vivenciados a dois.