Relatos do passado

Mas que passado
que nunca é
passado?
Ficou impregnado
tentei e como tentei.
E durante quase
vinte anos.
Cheia de ilusões
esperanças.
Chegar ao ponto
de colocar até
pasta de dente
em sua escova.
De me sentar á máquina
e costurar lindas camisas
que as pessoas admiravam
e você não via.
Como também não
via a nossa cama
vasia.
Enquanto que eu
no quarto das crianças
dormia.
E em momentos de revolta
pegava a tesoura e cortava
todas elas.
E eu queria a todo
custo ,que ele de sapo
virasse príncipe
Como desejei que mudasse
mas o maldito vicio
saia bebia, e ainda dizia:
Eu quero é viver, vive
a sua vida , que eu
vivo a minha.
Cheguei a ir até em centros
espíritas e lá deixava
pedidos, implorando
aos bons espíritos que o
fizessem largar a maldita
bebida.
Casa arrumada nos
fins de semana, para
que chegasse vomitando
até em cima da televisão.
Filha pequena, de madrugada
com sua camisolinha azul
me dizendo:
Deixa mãe que eu limpo.
Domingo na cozinha
experimentando receitas
que tinha aprendido em
cursinhos de culinária.
Para ve-lo dormir
com a cara no prato
ou então quebrando tudo
que havia na mesa.
Até que chegou o dia
acordei, cansei, mudei.
E comecei a viver
a minha vida, outra vida
outro amor.
Vi-o em poucos meses
chorar todas as lágrimas
todas que derramei
durante quase vinte anos.
Muitas tentativas para
reconquistar o que estava
irremediávelmente perdido.
Vi-o pela primeira vez comprar
um caderno, uma roupa
para os filhos.
Me pediu que fosse com ele
ao alfaiate para fazer
novas roupas.
Deu -me de presente
um disco, mas com músicas
que ele gostava.
Está ali guardado, nunca
ouvi.
Hoje tento juntar pedaços
de mim.
Rezo pelo seu espírito
ou alma que vem a dar no mesmo.
Pois morreu como queria.
Como gostava.
BEBENDO....
martamaria
Enviado por martamaria em 17/09/2007
Reeditado em 20/09/2007
Código do texto: T656665
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