NO CORREDOR DA MORTE

(A história de Marcos Archer, brasileiro condenado à morte
na Indonésia por tráfico)



Lá vem Marcos descendo a última ladeira da sua vida
Mais um homem dentro daquele corredor de aspecto sombrio
A morte pega em suas mãos e o acompanha naquela trilha fria
Daqui para a frente tudo será os "últimos da sua vida"
Últimos respiros
Últimas lembranças
Últimos pensamentos
E onde é esse lugar??
Dentro do corredor da morte
Morte?!
A sua morte!
Para servir de exemplo para os próximos
Qual o seu pecado?
Levar a moda Ocidental para um país Oriental
Sua sentença?
A pena capital

Marcos só queria tirar o marasmo da Indonésia
Porém descoberto...
Ele e suas asas caíram numa falésia
Não têm desculpas
Não tem perdão
Passaram-se onze anos
e a Justiça não deu amnésia.

O que passa em sua cabeça, Marcos, nestes instantes:
Um perdão (voto) Minerva?
Um livramento de Deus?
Ah! Foram tantos:
Os três judeus jogados na ardente fornalha
Os leões famintos na cova com Daniel
Mas se não vier o livramento… o que virá depois?
A prisão do inferno ou a liberdade do céu?
Só que Marcos tem uma única certeza:
Depois do abrir daquela porta,
um saco na cabeça
e um perfilado pelotão em prontidão.

Sim... longe... longe dos braços da Mãe Nação
Um patíbulo em terras estranhas,
mesmo sabendo que está no grau máximo da punição.
E olhar para América e ver as mazelas de seu país,
com as leis afundando em uma proposital frouxidão,
e estar com os punhos presos em grilhões austeros agora,
quem nem o tsunami com suas impetuosas ondas os levaram embora.

Com esta punição, Marcos, a vida lhe mostra seu lado contraditório:
Abrindo-lhe a porta da entrada para nela entrar
e agora o homem atecedendo,
abrindo mais cedo a porta da saída.






 

Nota: Dia 18 de janeiro de 2019 fará quatro anos que Marcos Archer foi executado na Indonésia. Há dois dias para completar, achei o momento oportuno para refletir.
O rei Salomão disse ser melhor ir a um velório do que um churrasco (traduzindo para nossa linguagem). Porque onde se está velando um morto, ali se vê o fim de toda vaidade e que não se leva nada. A morte traz reflexão.
Ontem foi o sepultamento de um amigo e irmão, João Paulo. Faleceu depois de envolver-se num acidente de moto com um ônibus. Rapaz jovem, 34 anos.
Faço essa homenagem (ao meu amigo) trazendo essas reflexões sobre a morte em alguns poemas.
 
-In memoriam ao campeão de Cápua
-Morte
-No corredor da morte (a vida de Marcos Archer)
-Vida
-Na Cidade da Reflexão