Sustenta o abandono.
Sustenta o abandono quem vive um quase namoro, casamento, envolvimento, a fantasia da reciprocidade, aceita abraço frouxo, conversa sem olho no olho, ausência de carícia, desejo em baixa e falta de sonhos grandes ou pequenos, planos e perspectivas reais e imediatas .
Sustenta o abandono quem chama a rejeição de saudade, implora por qualquer fiapo de atenção, tem invadida sua privacidade, enfeita sua própria desvantagem e atua com camaradagem.
Sustenta o abandono quem vê na recusa uma possibilidade de mudança, ignorando os sinais óbvios da distância, sonhos solitários e planos fraudados.
Sustenta o abandono quem não reconhece que ser bem tratada não é um mérito, mas uma condição e segue chamando migalhas de banquete; tendo como alimento somente palavras que voam ao vento e no passar do tempo colhe somente ao vento. Nada efetivo, definitivo, comprometido e resolvido - só lamento .
Sustenta o abandono com assiduidade quem se contenta com tão pouco que o Outro para mantê-la descobre que pode dar cada vez menos. Menospreza o que é importante ao parceiro, o qual em defesa dos seus sonhos, se transforma num estranho, chegando a ser insano.
Sustenta o abandono quem não está disponível para viver um romance ativo, vivo, maduro, completo e intenso. Na verdade se tudo vivido não foi suficiente pra gerar certezas e sim aumentar as incertezas.
Sustenta o abandono quem tem sonhos de criança e não percebe que SEUS sonhos deveriam ser de adulto pois o tempo voa e quando se vê NADA conquistou, que de fato seja realmente SEU.
Sustenta o abandono aquele que aceita a rotina massante que impede o brilho da vida, gargalhadas incontidas, pé na areia, cheiro de grama, vento no rosto, pegadas calientes e vida latente.
Sustenta o abandono no fracasso da falta de abraços calientes, beijos fogosos, loucuras deliciosas e risos escandalosos, prazeres não vividos alimentam uma fera ferida e contida nessa loucura chamada VIDA.
Sustenta o abandono aquele que deixa pra depois o todo, essencial é o agora, pois o tempo é implacável e cruel.
Viva o hoje, amanhã pode não existir.