PAI, E NÃO SOMENTE REPRODUTOR
Juvenil garota... ainda menina
Todavia, igualmente madura
Quase desnuda... na penumbra da noite à madrugada afora
A exibir com malícia os contornos de suas formas
E quanto eles respiram de viva sensualidade!
Ao que tantos a chamam para um escuro quarto
No fervor de sua carne... a que grita de paixão
Como uma experiente fêmea
A desejar sufocar de amor o corpo de seu macho... seu refém!
A fazer dinheiro com o seu corpo (enquanto ele o permite...)
Ah, onde está o seu pai, fogosa menina?
Saberia ele o que fazes?
Adolescente mendigo... tão moço!
A fugir rapidamente de sua natural puberdade
(e também de sua casa)
Que pena!
Não s’encontra numa sala d’aula
Na verdade, ved’ele abaixo dos semáforos
A esmolejar qualquer moeda aos motoristas e pedestres
O então preço daquela pedra mágica
Da mortal pedrada que, em verdade, assassinou su’alma
E sua fome não espera pelo seu “pão diário”... seu veneno
Aquele que irá um dia literalmente matá-lo
(caso não morra pela bala de seu traficante)
E seu imundo mundo! valeria, pois sua vida?
Oh, onde s’encontra o seu pai?
Estaria ele preocupado?
Ou não estaria "nem aí?"
Jovem delinquente... armado
(ou mesmo infante)
Qual soldado nas milicias dos morros e favelas
(ou nos urbanos centros das metrópoles)
Desde o berço... e destarte se iniciou su'estória!
Mas... quem roubou suas cantigas de outrora?
De seus ouvidos calados da doce voz de sua mãe
E, de quem foi a culpa de está-lo assim?
Apenas do mundo?
E o mundo não somos todos nós?
Da lua cheia que antes ofuscava os seus antigos olhinhos
E eis qu’agora ela sangra e chora
Como a velar agora sua sorte... seu destino
Sua já esperada - de qualquer hora - morte
Oh, onde está o seu pai, garoto?
Saberia ele “alguma coisa” de tua vida?
Rapaz libertino e vivaz
Nas loucuras rachas com seu carro... turbinado e potente
Quanto prazer... no perigo... e no arriscar... de sua vida!
Daquele risco que brilha em seus olhos
E em tal grau o atrai
Mas, e então!
Morreria ele contente caso não visse a manhã d’outro dia?
(ao que alguém levaria flores para o seu túmulo!)
Oh, oxalá renasça uma nova manhã em sua vida
Entretanto, que ele desta forma a queira
(porém, que não venha a s’esticar... no tempo!)
Mas, enquanto não chega, então eu pergunto:
E cadê o seu pai, moleque?
Saberia ele aonde vai em suas noites?
Pai... pai... pai...
Que homem é digno deste nome?
Pelos inúmeros que somente reprodutores são
Ou nem sabem que filhos tem
Da paternidade que debandou de suas vidas
E deixam seus filhos à deriva do viver...
Bom, não vou me adentrar mais
Ao que neste domingo de agosto
Aos verdadeiros pais, e não meros reprodutores
Deixo aqui os meus sinceros votos de... "feliz dia dos pais!"