TEM HORAS DE QUE...
Tem horas de que nos dá
Uma vontade tresloucada,
Sendo de si, não se sabe,
Ou ela se estende a outrens,
Ou se é intríncica de um só ser,
Não importa qual opção seja,
O mundo, à ela é alheio,
De ombros se diz de nada saber,
Com dedos em estalos
Isso se mostra, com nitidez,
Na fração numérica do radar
Que a indiferença domina,
E se algo registra se anota
Um nada consta a constatar-se,
Sem querer que se decifrem...
E no final do dia, no acerto
Das coisas de vontade treslouca
Se apresenta a ficha de laudo
Preenchida ou em branco
À ser lavrada em ata e posta
No livro de capa preta
Que o sim e o não da verdade
Nele se registra e se arquiva
Para afins de devido uso
De outras vontades tresloucas
Num futuro acerto de contas
A olhos vistos de interesse mútuo...