Reforma íntima

Como nos julgar independentes e capazes de progredir sozinhos, se antes mesmo de nossa concepção anímica fora necessário o reconhecimento e a aceitação por almas afins, para viabilizar nossa existência terrena?

Somos pluralidade por essência, ainda que nossos desertos pessoais, campos inférteis aos olhos do descrente, possam nos fazer duvidar da presença Divina que jamais nos abandona.

A solitude não deve ser dolorosa. O silêncio não é entediante. Palavras vãs, ao contrário do que defendem os orgulhosos de possuírem uma oratória sedutora e rasa, podem confundir e ludibriar, e de nada contribuem para o progresso moral.

Sábio é aquele que se reconhece plural, mas sabe estar sozinho quando o exílio lhe é ofertado com o propósito da reflexão, pois Deus, dentre todas as almas, reconhece aquele que precisa se autoconhecer. E a ele o Pai oferece a oportunidade do caminhar em terreno incerto.

Caminharás com uma venda nos olhos e não sentirás o chão sob seus pés. Não saberás se dia ou noite, e o passar do tempo de nada importará, pois o tempo, tal qual conhecem os humanos, é ilusório. Quando compreenderes a gênese imortal que não se limita a uma única existência, o caminhar por entre mundos será tão natural quanto é para os humanos o ato de respirar.

Contudo, é sabido que não se pode exigir para além do que as faculdades anímicas são capazes de discernir. Então trabalha e espera. Ora e espera. Vigia e espera. Ama, e todas as vicissitudes que se apresentam como muralhas intransponíveis se esmaecerão como cortinas de fumaça.

Não duvides da eternidade. Não recuse a oportunidade do perdão. Errarás mais uma vez, e de perdão carecerás. Não temas a escuridão da incerteza, posto que cegos sois todos, até mesmo os que se julgam seguros. 20/05/18

@capsulasdelucidez