O Homem constrói o seu próprio futuro
Porque há raças tão diversas? Umas inferiores a tal ponto que parece confinar com a animalidade, e outras favorecidas com todos os dons que lhes asseguram a supremacia? E as enfermidades inatas, a cegueira, a idiotia, as deformidades, todos os infortúnios que enchem os Hospitais, os albergues noturnos, as Casas de Correção? A hereditariedade não explica tudo; na maior parte dos casos, essas aflições não podem ser consideradas como um resultado de causas atuais. Sucede o mesmo com os favores da sorte. Muitíssimas vezes, os justos parecem esmagados pelo peso da prova, ao passo que os egoístas e os maus prosperam!
Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer, a semente do passado. Essa semente há de espalhar os seus frutos, conforme a natureza, ou para nossa felicidade ou para nossa desgraça, na nova vida que começa é até sobre as seguintes; uma só existência não basta para desfazer as consequências más de nossas vidas passadas. Ao mesmo tempo, o nosso ato cotidiano, ponte de nossos efeitos, vem juntar-se às causas antigas, atenuando-as ou agravando-as, e formam com elas um encadeamento de bens ou males que, no seu conjunto, urdirão a teia do nosso destino.
O homem constrói o seu próprio futuro. Reencarnação nem sempre é sucesso expiatório, como nem toda luta no campo físico expressa punição.
À vista disso, não te habitues a medir as dores alheias pelo critério de expiação, porque, quase sempre, almas heróicas que suportam o fogo constante das grandes dores morais, no sacrifício do lar ou nas lutas do povo, apenas obedecem aos impulsos do bem excelso, afim de que a negação do homem seja bafejada pela esperança em Deus.
O aspecto moral da reencarnação deve merecer sempre uma consideração muito lúcida, justamente porque esse aspecto se reflete na vida familiar, nas relações profissionais, na vida social, enfim. Quem deve, seja onde for, terá que pagar cedo ou tarde. É a Lei. A noção de uma única existência não nos daria uma visão real de justiça no tempo e no espaço. A reencarnação não é, portanto, simples questão de crença, mas um princípio lógico, assim nós o entendemos, pois abre à inteligência inquiridora, uma perspectiva de justiça muito mais ampla, através de existências diversas.
Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.