DEVANEIOS
Sabe... Do nada me bateu uma tristeza tão grande aqui dentro, uma sensação tão ruim, tão indefinida quanto a cor do vento que refresca teu lindo corpo e o guarda dos calores do verão..
Uma sensação com um não sei que de vazio; ausência. Ausência talvez, como a falta de alguém, de alguma coisa... Sei lá!
É uma angustia me corroendo as entranhas. Ruim sabe?
E eu olho em volta, meu carro estacionado no acostamento de uma estrada qualquer, na FM Djavan canta: “O amor é um grande lago, um passo pra uma armadilha”, estou tão angustiado, sinto-me ínfimo ao olhar em volta e para o alto, sou só um pontinho tão insignificante em um ponto qualquer deste mundo maluco.
É a tristeza angustiante batendo aqui, dentro do meu peito.
É mesmo um imenso nada, um vazio quase palpável.
Sinto um sabor horrível, sei lá, de adeus talvez, mas concluo: “Ninguém partiu...”.
Ou será que alguém se foi?
Amor? Não!
É isso, um sentimento como fidelidade/confiança.
Mas por que isso comigo agora?
Loucura! Desespero! Ciúme!
Veja... É horrível e eu não entendo por que, ou minha memória se recusa a colocar para fora algo tão ruim que ela registrou.
Olha, estou aqui nesta escuridão com os pensamentos pululando em minha cabeça que ferve num turbilhão de ideias confusas, indo e vindo n’uma dança macabra e meu “id”, “ego”, “superego”, ou sei lá mais o que, insiste em reter a informação registrada.
Só sei que algo está errado, fora de lugar e eu não consigo definir.
Pô, que saco!
Agora Rita Lee e Erasmo Carlos cantam na FM: “Mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau”, mas eu não sou mau.
Passa um caminhão e eu vejo a fumaça do escapamento subir e ir embora.
Isso, ir embora.
Bah! Que gosto horrível de adeus, mas adeus do que? De quem?
E a angustia ainda bate forte aqui dentro.
Agora a FM toca uma musica americana, triste assim como eu me sinto.
E a tristeza aumenta, me dá um nó na garganta, uma vontade de chorar.
Transporto-me para a adolescência e lembro o sabor amargo do ciúme. Mas por que esta conotação agora?
O que tem a ver aquela garotinha loira, deliciosamente bela e pura pela qual me apaixonei, com toda esta história?
Não sei! Lembro-me apenas dos poucos encontros furtivos por causa do irmão dela que não admitia que ela namorasse. Lembro-me também de uma festa a noite na casa dela, uma das brincadeiras dançantes comuns naquela época, nossos amigos, aquele burburinho das vozes dos jovens, rindo, cantando, dançando ao som das mais encantadores musicas que rolavam na vitrola, e num determinado momento peguei-a pela mão e a levei para um canto mais sossegado, e com um gravador K7 olhei fundos nos olhos dela, e disse: “(nome dela) te amo” ela também olhou-me no fundos dos olhos e respondeu : “Tony te amo pra sempre”, meu coração quase saltou de meu peito de alegria, contentamento, felicidade pura e inocente. Pena que o “para sempre” tenha durado tão pouco.
Sabe amor, sai da minha vida, tenta levar junto este amor não correspondido junto com você, deixa-me sofrer, não tem importância, mal de amor sara sabe? E talvez no futuro eu nem me lembre mais que um dia você quase foi minha.
Vai amor, viva tua vida, seja tão feliz quanto consiga ser, nossas linhas de vida são divergentes, agora vai, nem sequer olhe para trás para que não haja arrependimento e principalmente... Para não me ver chorar. “Adeus”.
E ela se foi e eu... Pensei ter esquecido aquele amor.
Mas agora, de novo esta tristeza, esta angustia, sentimentos que voltam como fantasmas do passado tão distante, estes... “Devaneios”
“O amor é feito de saudade, raízes e asas, porque é permanência e liberdade”.