FICÇÃO DO ETERNO

“O ALÉM

Rente ao abismo, antes do mergulho, nunca se sabe a profundidade do fosso. Alguém, por certo, o saberá?”. Joaquim Moncks.

– Do livreto MODERNIDADE LÍQUIDA, 2017.

Ieda Cavalheiro: “Que tal, se ao invés de mergulhar, optássemos por boiar na imensidão e voltássemos em pé ao sonho da eternidade, Joaquim?”

– pelo Facebook, em 18/10/2017.

Só se o citado fosso estivesse cheio de água, para que pudéssemos boiar, não é mesmo? Bem, resta, no eixo da perspectiva de eternidade, a possibilidade de entronização (posse com pompa e circunstância) nas academias de letras, que é tradição culta desde o séc. XIII, na academia de Bolonha, ao que temos notícia. Porém, de eternidade mesmo, só o futuro dirá quem implantou, por sua obra, o facho lírico da posteridade. A rigor, cabe aos reiterados leitores, século a século, tal alegórica perenidade. Quer queiramos ou não, a carcaça fica submersa na profundidade do fosso, pejado de água ou não... Grato pela bonomia e a ironia da interlocução sobre a proposta de reflexão. Porque a matéria corporal não produz memória, é somente passagem durante o tempo do viver, sofrendo a ação de tudo que lhe é antagônico nos entornos da felicidade e da valorização do talento pessoal de criação e arte. O que poderá permanecer é aquilo que se evola como produto espiritual do humano ser...

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/6154250