OCEANO DAS UTOPIAS (?)

Grato, querida Rozelia Scheifler Rasia, amiga, incentivadora e estimada presidente da ALPAS 21, entidade que vi nascer em 1998, então como Associação Literária A PALAVRA DO SÉCULO XX, sediada em Cruz Alta, nesse Rio Grande do Negrinho do Pastoreio, benemérito das coisas e causas imperdíveis. Agora, nos albores do séc. XXI, entronizada no universo associativo-literário como Academia de Artes, Letras e Ciências, desde maio de 2014. Toca o barco, poetamiga! Estamos juntos!

Sim, acadêmica Rozelia, a nossa belonave singra o mar das certezas dentro do que é materialmente plausível e possível. Temos, hoje, em processo de consolidação, a novel Editora Gaya prioritariamente a serviço da Academia e seus membros. Não é este o desiderato?

Pouco há de utopia no momento atual, mesmo que o academicismo literário tenha nascido do aparentemente utópico, porém fez-se realidade material e servirá como alavancagem pessoal da ativista cultural Rozelia com os seus sonhos editorais, cujas ideias foram (e são) pejadas de plenitude utópica, quando originalmente versadas no território ideológico-idealístico.

Também na ALPAS 21, enquanto universo mudancista pleno de idealismo e pujança para, no mínimo, nortear o olhar dos brasileiros para uma próspera cidade rio-grandense (população estimada de 65.000 habitantes, em 2017) que já tem brilho inconteste no universo intelectual/histórico nacional. É nela que veio ao mundo, em 1905, o gênio do romance das raízes do Pago Grande do Sul – o aclamado Érico Veríssimo.

Teria esta Cruz Alta (sob o sino templário das Missões) o ideário fundido e consectário dos padres e índios da Companhia de Jesus, ajoujado segundo as ideias do Santo Inácio europeu, catequista e empoderador?

A par do idealizado, nos tempos atuais do Estado laico, houve muito trabalho para chegar até os dias de hoje. Em menor escala, em apenas dois decênios, temos o florescer da ALPAS e o reduto de seus acadêmicos, prováveis agentes da catequese cultural que se permitiu sonhar numa Ala Internacional na dita Academia.

E como se pode afirmar no concerto associativo-cultural uma entidade acadêmica, se não obtiverem suas lideranças a necessária confiabilidade e o respeito das congêneres?

Sim, nos "oceanos das utopias" vicejam os sonhos de conquistar o país e o mundo, mas tu, "inaciana da Cruz Alta", com ações práticas e construtivas, demarcas o universo territorial da palavra impressa e virtual, a partir de denodados métodos de trabalho visando organização dinamizada.

Aliás, não foi algo similar que os padres de batina preta de San Ignacio fizeram de 1610 a 1768, no tocante à catequese dos viventes e a demarcação do território agreste dominado?

Na tua "Cruz do Alto" o livro é palavra, fantasia, farsa, inventiva e sonhos a serviço da causa cultural e artística, através dos redutos de muitos povos, quatro séculos depois da malfadada e trágica "República Cristã-Comunista dos Guaranis" – no dizer do padre dominicano Clovis Lugon a intitular o seu livro – ao sofrer o hálito e a mão férrea dos humores do Marquês de Pombal urdindo a política externa da Coroa Portuguesa que acabou acachapando a Companhia de Jesus.

E observa que os jesuítas ajoujaram os guaranis em somente vinte e uma minguadas reduções, e nós, os da ALPAS, temos o mundo atual por menagem territorial e de comunicação larga e ágil na aldeia global do séc. XXI.

Parece-me que a UTOPIA está sim, batendo no coração humanista dos que sabem fazer pátria com a cruz e o livro. Sonhemos e façamos; parece ser esta a lição a ser lavrada para o futuro próximo. Hosanas!

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/6128846