SETE DE SETEMBRO, UM DESABAFO

Meu Brasil varonil, neste sete de setembro que independência temos para comemorar?

Inda vejo desfiles pomposos, alunos marchando feito soldados amestrados, todos juntos, atores e plateia, cantando (lacrimejantes) um hino cuja letra rebuscada até hoje ninguém entende, enquanto a violência aumenta, o desemprego entra em boa parte de nossas casas, as drogas alienam nossos adolescentes (e os traficantes lucrando com isso), os bandidos mandam matar, explodir, e a nossa polícia, mal armada mal paga (quando não é corrupta) nada faz nada pode fazer.

E nos roubam em impostos, em conchavos pulhíticos. E nós ainda debochamos de figuras históricas do nosso passado em novelas livros minisséries. Mas e os nossos governantes de hoje, que nos fazem de otários, desviando malas de dinheiro diante de nossos olhos cordeiros mansos? Quem são os palhaços nessa história: os vultos nem tão heroicos do nosso passado em suas aventuras amorosas e desventuras do poder? Ou nós, literalmente enrabados por esses crápulas que a cada dia nos surpreendem (ou talvez nem surpreendam mais, pois estamos meio que anestesiados e já nem sentimos quando nos fodem) com um novo escândalo de corrupção? Mas vamos rir de quem já está morto, que os vivos lá de cima são intocáveis.

E às vezes, para esquecer as mazelas, enchemos a cara de remédios de bebida. E atropelamos velhinhas famílias trabalhadores. E aí, se temos dinheiro, compramos um juiz, dois advogados, cinco jurados... pagamos uma cesta básica e tudo fica por isso mesmo. Pois se fazem isso lá no poder, por que não fazer também?

Pobre Brasil, falido fodido, neste sete de setembro deverias ficar na cama, lambendo tuas feridas. Pois tua independência, teus desfiles, fanfarras, são o circo que nos apresentam pra distrair nossa atenção, enquanto os filhos da puta fogem com nossa grana por trás das cortinas.