O UNIVERSO DE CODIFICAÇÃO

Agradeço o teu esforço no sentido de entendimento e compreensão do texto. Realmente, Drummond, Quintana e Bandeira são esplêndidos, caem muito bem no gosto popular; também por terem ainda muito respaldo na mídia impressa. Os citados pertencem a um universo de codificação diferenciado, bem menos hermético, exceto João Cabral de Melo Neto, que é o que mais me agrada dentre eles. No entanto, impressionam-me mais profundamente as genialidades poéticas de Fernando Pessoa, Charles Baudelaire, Artur Rimbaud, Ezra Pound, T. S. Eliot, e, quanto aos brasileiros, especialmente Carlos Nejar, nosso irmão porto-alegrense residente desde 1988 no Espírito Santo, e que ocupa a cadeira nº 04 na Academia Brasileira de Letras, sediada no RJ. Levei mais de 10 anos para conseguir entrar no universo deste excepcional poeta, devido à amplitude e o patamar de sua codificação, a qual beira ao hermetismo, por vezes. Grato, amado leitor, por tua interlocução, pedindo escusas pelas eventuais dificuldades que a minha criação pode causar ao teu sensível coração. A interpretação de um poema é um desafio permanente, porque se espera do poeta-leitor, em regra, mais do que ele eventualmente pode dar. E o poeta-autor é apenas o sino, que vai tocá-lo à reunião da aldeia, acaso esteja com vontade de reunir a comunidade. Cada peça verbal tem o seu mistério. Nem sempre o arauto do Novo consegue transmitir a novidade...

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

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