MAQUIAGEM E POESIA

Por certo que vale a analogia do “visível e o invisível”, Jurema! Ainda mais pra ti que trabalhas com a arte da maquiagem. Aliás, o rosto humano é uma tela indefinível e questionável, porque é da natureza humana a máscara da "persona" em seus variegados estados de espírito. No resultado do ‘maquiar’ resta traduzido bem mais o espiritual do maquiador do que propriamente o da criatura maquiada. Da congeminação entre a poesia e a arte da plasticidade facial estética pode-se auferir o análogo. Assim como na poética o texto amorável, doce e veraz nasce como TRANSFIGURAÇÃO para vencer o momentâneo mundo hostil que molesta e até atormenta o personagem, a MAQUIAGEM transcende a pele e o local maquiado. “A Ponte entre o visível e o invisível” também vale para o poeta-autor e o poeta-leitor. Imagino, nesta minha condenação ao pensar, que situação semelhante ocorre entre o maquiador e o maquiado...

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/17.

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