Fotografia © Ana Ferreira
ABSTINÊNCIA
Ó moral!
Ó ética!
Ó bons costumes!
Ó urubus atrozes de pura casta!
Em que caminhos se perdeu
a lição que tanto apregoas
e que um dia a religião te ditou?
De que adianta o jejum e abstinência proclamados na quaresma
se nos restantes dias do ano a boca continua sendo a mesma?
Se os olhos não se privam de ler as palavras do mesmo caderno
troque os seus quarenta dias sem doce por um único dia
sem querer ser na vida dos outros o reflexo do inferno!
Quem carrega veneno na boca, no coração possui fel,
um dia acabará por morder a própria língua, ferina.
Abasteça- se de amor. Tenha hálito de mel.
Ana Flor do Lácio