Fotografia © Ana Ferreira
 
 

 

ABSTINÊNCIA
 
Ó moral!
Ó ética!
Ó bons costumes!
Ó urubus atrozes de pura casta! 

Em que caminhos se perdeu
a lição que tanto apregoas
e que um dia a religião te ditou?
 
De que adianta o jejum e abstinência proclamados na quaresma
se nos restantes dias do ano a boca continua sendo a mesma?

Se os olhos não se privam de ler as palavras do mesmo caderno
troque os seus quarenta dias sem doce por um único dia
sem querer ser na vida dos outros o reflexo do inferno!


Quem carrega veneno na boca, no coração possui fel,   

um dia acabará por morder a própria língua, ferina. 
Abasteça- se de amor. Tenha hálito de mel.
 
Ana Flor do Lácio

 
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 03/04/2017
Reeditado em 04/04/2017
Código do texto: T5960433
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