RECONSTRUIR
Marlene Constantino
Quem sabe por um instante,
eu possa despir-me por completo.
Por ora, livrar-me
dessa carcaça inocente,
expor ao mundo as minhas verdades.
Quem sabe, por uma noite
eu possa não ter medo do escuro,
voar, num céu distante,
atada na cauda de um cometa
e fazer meu mundo diferente.
Quem sabe, um dia eu possa entender,
que sonhar com as estrelas
faz parte de uma grande escalada
para chegar ao que se quer alcançar.
Quem sabe, um dia
eu possa ser eu mesma, olhar em volta
e perceber, que eu tenho apenas uma vida
para dizer a mim mesma,
que ser feliz é o que mais importa.
Eu sei, que o tempo não para,
que as horas se perdem no depois.
Quem sabe, seja agora o momento
de dar asas aos meus lábios
e as minhas ações, verbalizar as tantas palavras
que os meus ouvidos ouvem em silêncio.