Na prática a teoria é outra
São tantos discursos na internet - e fora dela também - que todos nós já sabemos decor e salteado a importância que devemos nos dar. Amar-se em primeiro lugar; querer-se, bastar-se, sentir-se bem consigo mesmo. São discursos lindos, de verdade. Mas na maioria dos casos, vindos de pessoas que buscam uma autossuficiência que não possuem. Que tentam desesperadamente viver aquilo em que querem acreditar. Eu mesmo acho fantástico me deparar com pessoas com tamanho amor-próprio. Mas pergunto: quem, em sã consciência, por mais bem resolvido que seja, não se sente feliz por compartilhar momentos com alguém ou acordar com aquele mesmo sorriso todos os dias? Quem é que, de verdade, não deseja encontrar aquele que o complemente, seja o momento o certo ou errado? Em virtude da necessidade natural do homem de se relacionar, é incoerente demais afirmar que as pessoas conseguem ser plenamente felizes sozinhas. Aquela velha máxima do "sempre falta algo". Pra alguns é o dinheiro, já que somente amor não enche barriga; para outros, uma pseudo-fama, com o desejado reconhecimento pessoal ou profissional. Para tantos outros - e nesse eu me incluo - o que falta é o amor. Não o amor dos pais, dos amigos ou dos irmãos. É o amor daquele com quem queremos viver a nossa vida, construir a nossa história. Não há nada tão gratificante quanto ver que um projeto deu certo, um plano saiu do papel, um sonho foi realizado. Não há nada tão gostoso quanto ver que os dois estão crescendo, aprendendo um com o outro. Respeitando um ao outro, especialmente as limitações. Fato é que o ser humano é naturalmente carente. Tudo bem que na prática a teoria é linda. Mas penso que, se parássemos de nós atentar às teorias e começássemos a acolher melhor o próximo, teríamos pessoas muito mais felizes. Ao menos mais leves.