FILHOS MAIS VELHOS

FILHOS MAIS VELHOS

Creio que para entender o filho mais velho, só sendo um deles também.

Ele é criado e educado para proteger, ajudar, ser forte, socorrer, aprender a se virar na vida e, quando tem uma atitude de sensibilidade, ou necessita de carinho é desacreditado, porque "os fortes não precisam disso."

O resultado é um filho carente de colo que nenhuma guloseima ou presente preenchem o vazio de um abraço, de um beijo, por maior cumplicidade que haja.

Cria-se, sem perceber, um filho com muitas mágoas, carências, lampejos de agressividade; um ser que só quer amar e ser amado e, facilmente, revida qualquer suposto ataque como um felino preparado para lançar- se à caça e que se defende com unhas e dentes.

Sozinho, sua dor aparece, as lágrimas rolam escondidas, até vir o sono reparador.

Passa a vida tentando preencher esta carência, culpando- se das reações de defesa exarcebadas, porque desaprendeu a viver na companhia constante e receber o calor da família, muito incentivo e menos palavras carinhosas... Não é facilmente percebida essa felicidade serena dele querer estar mais vezes com quem ama.

Torna-se vítima, muitas vezes, dos mesmos sentimentos, acreditando em amores que não são verdadeiros, e isto só aumenta o fosso aberto na alma.

Amar- se muito, valorizar- se e cativar-se carinhosamente melhora a autoestima destes filhos.

Conseguem ser felizes, sim, e muitos estranham sua alegria escancarada de viver.

Deus e a vida são suas grandes fontes de amor e carinho.

Compreendidos ou não, vivem cada momento, não aceitam a palavra 'sobrevivência'; parece resto, mendicância.

A liberdade das suas atitudes e decisões agora incomodam os que nunca perceberam o carinho como o tesouro mais buscado pelos filhos mais velhos.

Havia o amor na família... Ele nunca faltou, mas os menores eram mais protegidos e nem se davam conta disso.

Mimos materiais não substituíam a vontade de receber um cafuné ou de ter vez de deitar no colo para onde acorriam os irmãos mais jovens.

Dalva da Trindade S. Oliveira

(Dalva Trindade)

15.01.17