AMIZADE É MOEDA SONANTE

“– Na terça-feira falo contigo sobre a devolução da tua grana, certo? Levarei pra todo o sempre esta dívida com o amigo.”.

Se o tratamento do pedido não for de solidariedade, como realmente aplicar a palavra “amizade” com toda a sua força e significado? Quando tratamos de dinheiro a amizade esfuma-se? A um amigo não se pode pedir socorro quando a algibeira está vazia? Acho que temos que trocar nossos eventuais tesouros emocionais e também o que poderá estar disponível nos bolsos, caso houver algum. O doloroso é quando – por causa de dívida pecuniária – perdemos a pecúnia e também o amigo, que se diz displicentemente pleno de vergonha. Ou seria plenamente desavergonhado, que há muitos? As dívidas de honra são perenes e pessoais. Sabe delas o coração grato e permeado de lisura através da quitação pecuniária. Nestes casos, a moeda sonante pode ser o símbolo real da amizade sólida e verdadeira. A assim se vai selando o sinete da confiança. O fiduciário que leva a verdadeira amizade ao crematório e até para a outra margem. Um brasão nobiliárquico pertencente à família da Honestidade, que vale mais do que qualquer patrimônio fungível. Aquele que não se leva apenas na algibeira.

– Do livro A BABA DAS VIVÊNCIAS, 1978/2016.

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