Consciência e competência

Um dia desses, coincidentemente, tive a oportunidade de ATENTAR para duas condutas simples, executadas por pessoas igualmente simples, com baixo grau de escolaridade, que me fizeram refletir sobre duas questões que considero como sumariamente relevantes; a COMPETÊNCIA e a CONSCIÊNCIA, características que quando desenvolvidas têm o condão de fazer surgir de um minúsculo grupo de pessoas, seres extremamente especiais. O primeiro comportamento, se relaciona com a competência, habilidade extraída da atitude atípica de um vendedor ambulante, cujo produto comercializado é o milho verde cozido. Ao chegar ao lugar preciso para fixar o seu carrinho de vendas, e dar inicio ao seu expediente de trabalho, o pracista, de modo firme, porém, discreto, procedeu à exibição do seu único produto (atrativas e aromatizantes espigas de milho verde). Surpresa, mas maravilhada, imediatamente captei a sua forma diferenciada de atuação. A técnica de venda empregada pelo vendedor, ou seja, a forma de expor o seu produto na vitrine, incluía uma simulação de preparação das espigas de milho, que na verdade já trouxera prontas. Tal prática, no entanto, permitia-lhe, entre um intervalo e outro, um movimento contínuo de abre e fecha da panela que armazenava as espigas de milho, ação que oportunizava que o odor agradável e característico do milho cozido, pudesse exalar e alcançar o olfato do maior número de pessoas, tanto àquelas que se aglomeravam no local, como as que eventualmente transitavam por ele. Como consequência da técnica de PROVOCAÇÃO OLFATIVA implementada pelo rapaz, várias vendas foram naturalmente sendo fechadas, e pude ser testemunha ocular do semblante de satisfação daquele profissional nato, reparação que me convenceu de que aquele homem se sente plenamente realizado com o trabalho que desempenha, independentemente do "quanto" em esforço precise empregar para realizá-lo, ou do retorno financeiro obtido.

A segunda conduta guarda correspondência com o quesito consciência. Ocorre que, ao cair da tarde daquele mesmo dia, em meio a uma praça abandonada, localizada em frente a residência de uma senhora, pude vê-la regando e molhando algumas plantinhas esquecidas, que insistiam pela sobrevivência. Fazia isso com visível satisfação, com um espírito alegre, logo, com a motivação correta, experimentada por pessoas que investem no treino de suas consciências. Aquela iniciativa solitária, certamente ensinou aos observadores, inclusive a mim mesma, sobre os bons frutos produzidos por uma consciência bem treinada.

Infere-se, assim, que atitudes como as retro mencionadas, devem nos induzir a meditar sobre a BELEZA das pessoas que NÃO fazem parte do senso comum, a desejar compor esse pequeno grupo de seres humanos, de modo que aprendamos a dar em qualquer situação, o nosso melhor. Ao fazermos isso, estaremos nos opondo a uma sociedade OMISSA E SILENCIOSA, e nos colocando a favor do modo de pensar de Deus, que nos motiva a buscar a excelência, mesmo que em meio a um mundo corrupto e impiedoso, premiando o bom desempenho daqueles que inclinam os ouvidos para escutar as suas ricas orientações.

Olga Nobre
Enviado por Olga Nobre em 08/11/2016
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